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segunda-feira, 5 de maio de 2014

VIVA O POVO BRASILEIRO - José do Vale Pinheiro Feitosa

Nesse feriado do primeiro de maio fui assistir ao filme Getúlio que trata dos dias desde o atentado contra Lacerda até o suicídio do Presidente barrando o golpe político que se armava. Ao mesmo tempo tenho fuçado blogs e jornais sobre a crise da Ucrânia e sem perder de vistas as próximas eleições brasileira.

Mesmo que os EUA e a União Europeia tenham dado um troco à Rússia em seu proselitismo no mundo, especialmente na Síria e no caso Snowden, de repente passamos a enxergar o renascimento da grande Rússia que fora perdida com o fim da União Soviética. E mais ainda: a China incomoda mais do que a mídia ainda expõe. Basta se observar que Obama tem dito para sentir a tensão que se cria no assunto China.

Acontece que os EUA e a União Europeia estão numa louca corrida para conquistar o Leste Europeu e forçam a América Latina a aderir aos seu bloco comercial. Isso considerando o jogo no Mar da China e no sudeste asiático. Enfim o polo ocidental do hemisfério norte, não quer conversa de BRICs e nem a consolidação econômica de um rede cooperativa e complementar entre a China e a grande Rússia (com essa possibilidade a grande Rússia se torna mais turbinada).

Aí vêm as eleições este ano no Brasil com dois discursos em disputa que se consolidam sem a aparente possibilidade de uma terceira alternativa. Acontece que o Eduardo Campos, por essas coisas da política, que poderia fazer essa alternativa se consolida com uma força auxiliar da viabilidade de Aécio Neves. O Aécio com um discurso de fazer corar de vergonha o seu avô Tancredo Neves, diz uma bocado de bobagens sobre suas semelhanças com Eduardo e na prática diz que o Campos seria um auxiliar dele.

Mas o que tempos em disputa nas eleições? Um discurso de austeridade econômica, lacerdista nos termos que levaram ao suicídio de Getúlio (corrupção, destruição do adversário, união de mídias etc.) e atrelado ao bloco União Europeia/EUA. O outro discurso marcou posição no primeiro de maio propondo a união dos trabalhadores e da classe média como modo e manter a independência do Brasil em relação aos conflitos mundiais.

Retornemos a Getúlio. Nos anos 30 e 40 do século passado, a crise econômica do liberalismo econômico a ordem mundial se esfacelou em vários modelos de sociedade – comunista, social democrática, fascista etc. A evolução de uma guerra mundial, com milhões de mortos, terminou por consolidar um modelo hegemônico de economia e sociedade.

Getúlio Vargas chegou à Presidência da República por uma luta armada que destituiu o governo e empossou outro. Em 32 a oligarquia do café de São Paulo tentou impor seu jogo. Em 35 trabalhadores e militares tentaram a alternativa comunista. Em 37 houve assalto ao próprio palácio presidencial por parte dos integralistas (que representavam o modelo fascista). E claro a eclosão da segunda guerra mundial acelerando enormemente o processo.

Getúlio adotou um modelo pendular, independente em relação às nações em conflito, ao mesmo tempo que foi consolidando uma aliança com as classes trabalhadoras urbanas e com uma certa classe média que nasceu dos empregos estatais. Com as radicalizações, que processos tão intensos como esses determinam, a verdade é que o Brasil se manteve como força nacional com peso na economia mundial, na cultura e como exemplo de nação independente no contexto mundial.


Eis a questão central dessas eleições: não aderirmos a qualquer bloco, não sermos caudatários de nenhuma nação ou blocos, mantermos capacidade de diálogo internacional amplo, promover a união de quem trabalha e produz e sobretudo ter o que dizer como modelo de sociedade no grande conflito que ocorre no que se chama crise econômica. 

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