Aécio Neves não é um beócio. Tem formação acadêmica. Ocupou
altos cargos na República e no Estado de Minas Gerais. O que ele quis dizer com
a frase: “...gastar menos com o governo para investir na população”?
Esclarecer o que disse com “gastar menos...” é desnecessário.
A frase se auto explica. Será aplicado menos dinheiro. É isso e pronto.
Se fosse dado um pulo na frase e chegássemos a “para
investir na população”, teríamos a junção de “gastar menos...para investir na
população” o que é uma frase incoerente ou tem coerência interna. Se você gasta
menos investe menos na população, Aécio não diria isso nas vésperas das
eleições. A coerência interna seria ele vai tirar dinheiro de algum lugar para
investir na população.
Ai vem o “xiiizzii do pobema meurmão” Aécio vai gastar menos
com o GOVERNO. Mas o que é o governo mesmo? Sem Noberto Bobbio, Max Weber e
outras mumunhas mais, apenas o velho dicionário do Houaiss.
Tomando todas as acepções da palavra GOVERNO excluiremos as
derivações por metonímia e o termo de marinha. E restaram estas:
a) 1. ação ou efeito de governar(-se);
governação, governança, 2. ato
ou efeito de dirigir; administração, chefia, direção
b) 3. o poder
executivo; o presidente junto com seu ministério
E o termo
jurídico: complexo de órgãos responsáveis pela realização da administração
pública, através do exercício dos poderes delegados pelo povo, sem perder de
vista a soberania deste.
Aécio
Neves pretende, portanto, investir menos no substantivo: ação e efeito de
governar, dirigir, administrar, chefiar e oferecer direção. Por consequência
gastará menos com poder executivo, incluindo aí a administração pública com o
exercício dos poderes delegados pelo povo, sem perder de vista a soberania
deste.
Teremos
o seguinte quadro: Aécio vai gastar menos na administração pública e vai
transferir estes recursos para o povo, não é isso que ele quis dizer? Então
vamos ao gastar menos: demitir funcionários públicos, achatar salários dos
funcionários públicos, solapar aposentadorias dos funcionários públicos, acabar
órgãos públicos, reduzir funções do Estado, diminuir fiscalização, controle e
avaliação.
Então
ele vai pegar o que economizou com “os funcionários públicos e a administração pública”
e entregar ao povo. Isso pode ser de modo direto, assim como o Bolsa Família. O
povo pega este dinheiro e vai para o mercado de saúde, educação, segurança,
trânsito, abastecimento, saneamento básico, defesa nacional, etc. e tal e
compra os “bens de serviço”.
A
preço de mercado, pois os agentes econômicos operam na lógica do lucro. Haverá
a formação de monopólios, ele, então, vai ao mercado estrangeiro e abre a concorrência
nacional. Os preços sobem e daqui a uns dez ou doze anos de governos do PSDB os
preços estarão tão altos quanto o mercado internacional.
Mas
aí a questão é diferente. Se mexer no interesse americano os marines aportam.
Se tentar enquadrar uma empresa da Comunidade Europeia a OTAN sobrevoa com
algumas bombinhas de agrado. Isso sem contar com os chineses, japoneses e
outros mais que não são besta e não vão deixar de investir no país com uma
reserva de recursos estratégicos desta.
Agora
pergunta ao Aécio se ele vai reduzir os gastos do governo com os juros que
remuneram a elite nacional? Se fizer um acordo para lhes entregar o resto de
empresas e infraestrutura estatal em troca de pagar-lhe menos grana é só uma
questão de tempo após a bonança temporária que o povo vai viver.
Os
capitais nunca dormem. E se articulam. Quando o Estado lhes entregar todo o
butim, só restará o dinheiro do povo e sobre ele que avançarão sobre a forma de
juros que avançarão para continuar ganhando sempre mais.
Isso
é mais ou menos como o anúncio de Cine de Barbalha nos anos cinquenta: um filme
cowboy bom de arromba, se não for eu cegue.
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