Comecemos pelo principal. Desde a segunda metade dos anos 60
do século XX a Rede Globo de Televisão é a “mídia” nacional. A mediação dos
fatos, fenômenos e ideias que acontecem e norteiam a sociedade brasileira. O
jornalismo, especialmente o Jornal Nacional, as novelas e programas de
auditórios deram a base para uma “identidade” nacional sujeita ao capitalismo
industrial e financeiro e aliada aos EUA nos conflitos subjacentes à política
internacional.
Existem muitas análises que demonstram que, agora já no
andamento da segunda dezena do século XXI, a Rede Globo esteja em baixa em
razão da mudança de paradigma do próprio papel das mídias. A rede mundial de
computadores faz mais do que o telefone fez em termos de diálogos entre as
pessoas. O telefone era ponto a ponto enquanto a rede de computadores se
dissemina, viraliza como é do jargão.
Quando as empresas de mídia faziam a mediação da comunicação
social e do conhecimento público fatalmente atendiam a uma sociedade de massa
carreando-a ideologicamente num determinado rumo. Quando a rede de comunicação
interpessoal surgiu o primeiro fato foi a diversidade de rumos, de interpretações
e de entendimentos ideológicos.
Numa sociedade em crise econômica o fenômeno da rede é mais
agudizado, existem mais análises, interpretações do que nos cursos acalmados da
história. Como consequência desta crise já observamos perigosamente um quadro
de aglutinações e alianças bélicas que prometem grandes conflitos, muita morte,
doença e miséria. Basta observar a grande aliança “ocidental” para atacar o
território do Oriente Médio onde grupos em desespero lutam. Acrescente a forte tensão
ente EUA/União Europeia e a Rússia vazando tensões no rumo da China.
E agora o que me interessa nesta postagem. Alguém entre nós
pode compreender o motivo que levou a rede Globo de Televisão a realizar um
debate entre candidatos à Presidência da República depois das onze horas da
noite e terminando depois de uma hora da madrugada? Haveria aí a necessidade de
apenas ela ser detentora do fato para que pudesse, sozinha, fazer a mediação
entre os candidatos já ausentes e a sociedade?
Nos dias seguintes, na ausência dos candidatos a rede Globo
em seu jornalismo e na sua programação dramática (Hollywood é a grande escola
ideológica do pensamento dominante) poderá “repercutir” o debate que ninguém
viu? Deseja ela continuar tendo o bastão da mediação do conhecimento público?
Pode ser isso mesmo, como não pode. Pode apenas ser uma
decadência que já não consegue mediar a própria grade de programação. Afinal a
rede mundial de computadores se encontra ativa até o minuto final da apuração
dos votos.
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