TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O execrável "VAZAMENTO SELETIVO" - José Nilton Mariano Saraiva

Quando compareceu à CPI do Congresso Nacional a fim de prestar esclarecimentos a respeito das supostas irregularidades acontecidas na Petrobrás, o ex-funcionário da empresa, senhor Paulo Roberto Costa,  exerceu na plenitude o seu direito constitucional de permanecer calado. Não soltou um pio.
Em off, entretanto, num átimo de surpreendente sinceridade, assegurou que assim procedia porque se abrisse a boca naquele momento (antes do primeiro turno) a eleição presidencial brasileira corria o risco de não se realizar (embora, àquela altura, já houvesse “aberto o bico” e contado tudo para a polícia federal paranaense).  
Nos bastidores, porém, já houvera vazado e a mídia divulgado com estardalhaço a informação que pessoas comuns, governadores e deputados vinculados a diversas agremiações partidárias (PSB, PT, PMDB e PP, dentre outras) estariam envolvidas no recebimento de polpudas propinas, via superfaturamento na Petrobrás. Dentre elas, os governadores de Pernambuco (o falecido Eduardo Campos-PSB), do Ceará (Cid Gomes-PROS) e do Maranhão (Roseana Sarney-PMDB).  
Eis que agora, às vésperas do segundo turno de uma decisão que tem tudo para ser das mais acirradas, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, resolve divulgar um vídeo de parte do depoimento do senhor Paulo Roberto Costa, onde são nominadas pessoas e partidos políticos supostamente beneficiadas com as tais propinas. Com um estranho e estarrecedor “detalhe”: os envolvidos, bem como os partidos políticos, todos são da base de apoio do governo federal.
Como o PSB (Eduardo Campos), que houvera sido citado lá atrás como um dos beneficiários do esquema, em razão da suposta “propina grossa” que grassou nas obras da Siderúrgica Abreu de Lima (em Pernambuco) agora no vídeo divulgado pelo juiz Sérgio Moro foi omitido ou não citado, conclui-se que teria havido uma espécie de “excesso de cuidado” ou “vazamento seletivo” visando influir no resultado da eleição (afinal, é bom repetir, só o pessoal e partidos da base governista foram citados). 
Seria a chamada “bala de prata”, tão ansiosamente aguardada pela oposição, mas ao mesmo tempo  a prova definitiva de que o Poder Judiciário brasileiro, aqui representado por um iluminado qualquer (dizem que vinculado ao DEM), contrariando o que dele todos esperam, resolveu pela parcialidade em seus julgamentos.
Triste e lamentável, que merece uma resposta do povo (afinal, queiram ou não os opositores do governo, o Brasil mudou e mudou muito, pra melhor, nos últimos doze anos).



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