O resultado das eleições gregas parece trazer algo novo, mas
é um novo que já vinha em processo. O processo é o da crise, redução de
turistas, dependência dos fluxos de capitais externos, pouca estrutura
industrial, revelando uma dependência de tal ordem à Europa que tudo parece o
mesmo.
A análise de um solavanco provocado por um partido de
esquerda vitorioso representa bem este impasse histórico que é a crise
financeira do país. Todos apontam boas e más maneiras de conduzir-se como
novidade neste cenário empacado.
Nos sites de esquerda e entre economistas liberais ao estilo
Paul Krugman, a Grécia não avançará com suavidade. Ou se apresenta com
radicalidade, somando-se a outras nações em igualdade contemporânea ou tudo degringola.
Uma questão é saber se a vitória do Syriza é o nascimento de
uma força política europeia que enfrente a estagnação, a perda de empregos e
direitos sociais. Se for, a posição da nova liderança grega se reforça. Ao
contrário, vai encontrar uma resistência descomunal cuja possibilidade em caso
de insucesso é a chegada do partido fascista, o segundo mais votado, ao poder
no país.
O papel clássico dos fascistas é criar uma força miliciana
(fanatizada e ordenada ao aparelho de Estado) que ataque e amedronte as classes
operárias e as famílias de classe média para que a austeridade financeira possa
agir livremente enquanto arrocha a vida da população. Por isso muita gente
espera o retorno político das organizações de extrema direita.
E no passado, não muito longínquo, a alta burguesia europeia
não teve o menor problema para aceitar governos fascistas. Todos esperam que
este comportamento seja o mesmo atualmente. De modo que a suavidade dos gregos
é contraproducente neste quadro histórico e político.
Mas onde criar forças internacionais para um programa
radicalizado? Aproximar-se de setores e países que são vítimas da situação
atual de modo a criar condições de enfrentar a dureza das posturas de governos
e bancos europeus e americanos. Entre as forças internacionais o Syriza pode
ampliar sua agenda com segmentos ocidentais que vêm com desconfiança a atual
condução da política europeia.
Entre tais o Papa, testando a capacidade do vaticano de
realmente enfrentar a realidade. Pode mobilizar as universidades mais
progressistas da Europa. Se aproximar de setores e partidos que lutam contra a
austeridade econômica. Criar teses e conduções que possam fortalecer as
posições de organizações políticas em luta dentro dos seus países. Entre outras
medidas.
Junto com o forte embate junto ao sistema europeu, é preciso
criar uma porta de saída do próprio Euro, como uma forma de ter autonomia para
gerir a própria vida, ao invés de receber uma “mesada de fome” como vem
recebendo. Aí, nesse caso, é preciso fortalecer laços externos, com a América
do Sul, China, Rússia, entre outros.
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