TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

VIVE LA FRANCE! - José do Vale Pinheiro Feitosa




J´Attendrai - Dalida

Tornerai composição italiana de Dino Olivieri e letra de Nino Rastelli. Foi registrada em francês como J´attendrai por Rina Ketty em 1938 com letra em francês de Louis Poterat. Foi a canção emblemática do início da segunda guerra mundial.


Tornerai - Tua sabes que te amo, não tenho que de ti /encontrar-me distante, diga-me por que? / A nostalgia não sente no coração / Não te recordas de mim. / Esta minha vida, não, não pode? Durar / Tu és fugitiva, deves tornar / Este meu coração, tu ainda queres. / Tornarás...a mim / por que? / O único sonho sei...do meu coração / Tornarás, por quê? / Sem teus beijos lânguidos, não viverei? / Aqui dentro de mim mesmo / a tua voz que diz, tremendo de amor, / Tornarei? Por que? Tu és o meu coração.

J´Attendrai  

Esperarei!
O dia e a noite, esperarei sempre
teu retorno.
Esperarei  
Porque o pássaro fugitivo tenta se esquecer,
em seu ninho.
O breve tempo passa
batendo tristemente,
sobre meu coração tão pesado.
E, portanto, esperarei
Teu retorno.
(bis)
O vento traz-me
os rumores distantes.
Após minha porta
o escuto em vão.
Puxa, e nada.
Nada me vem.
Esperarei,
o dia e a noite, esperarei sempre
teu retorno.



Por que a primeira pedra sempre é lançada e a mão pioneira é cheia de pecados? Porque viver é rever posições, princípios e conhecimentos.

Toda a degeneração recente da França, que sua história carrega na bolsa do canguru, toda a violência e tortura aplicada aos libertários da Argélia. A França, assim como Portugal, Espanha, Inglaterra, Holanda, Bélgica foram as rapinas da África, América e Ásia. Alemanha e Itália não fizeram do mesmo porque chegaram tarde ao botim colonialista.

E nosso horror latino americano, com a escravidão, saque, tomada de terra, exploração mineral e da produção agropastoril, não se pode extrair da história. Mas o papel das lutas populares, das instituições desenvolvidas, a nossa cultura e tantas outras manifestações do povo não podem ser, igualmente, extraídas.

Agora não se pode aplicar um anátema a toda a França tomando por regra fatos e eventos do seu passado, mesmo o recente, tais como a repressão e tortura e o papel meio barro meio tijolo do seu povo da segunda guerra mundial. Pois na Franca se houve a República de Vichy, também aconteceu a Resistência e todo um ideal de social democracia no pós-guerra.

Nenhuma cultura produziu reflexões tão reais sobre a humanidade, a história e as civilizações. A França é um centro irradiador e fundador do que é a possibilidade de uma civilização mais igualitária, mais humanista, mais avessa à exploração do homem pelo homem.  

Há muita boca torta do hábito, muita facilidade argumentativa, muita preguiça intelectual e muito uso de velhas formas como se na realidade nada houvesse de mudança. Só que a França pulsa sua vida social e cultural na perspectiva crítica do presente e na projeção do futuro.

A civilização francesa é solidária, embora a malha social, sob crise econômica, desemprego e forte pressão imigratória seja geradora de fortes tensões. Há que se qualificar e classificar quem é quem nesta transição. A extrema direita é contra a migração e tem aversão aos muçulmanos, mas na França a maioria não é assim.

A própria recuperação do prestígio de Hollande e as manifestações de massa após o atentado contra os jornalistas do Charlie andaram no sentido de uma sociedade plural e democrática. Os fascistas compõem a minoria e neste episódio não conseguiram, mesmo que tenhamos que colocar um “ainda”, selar o cavalo da história.

E por fim: muita gente andou tendo dúvida sobre as críticas ao Charlie Hebdo. Muita gente andou se apegando ao argumento “analítico” de suas charges usadas fora do contexto. Muita gente repetiu o mantra sem jamais ter lido um número sequer da revista.

Humorismo tem uma natureza muito interessante: é tão sintético que é autoexplicativo. Mas é a síntese do que circula no momento e um tempo depois só faz sentido se contextualizado. Ou seja é uma das expressões mais datadas que existe.


Inclusive acabei de saber que a edição feita após a atentado será reproduzida no Brasil.  

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