Beco das Garrafas, em Copacabana, Bottles Bar, a partir das
20 horas até a meia noite, domingo 25 de janeiro de 2015. Primeiro esqueça as
facilidades da modernidade: nada de comprar ingressos na internet, sem assentos
marcados, os primeiros quarenta têm cadeiras e mesas e outro tanto fica em pé,
pelo bar ou ao fundo do pequeno salão.
Um pequeno palco com uma grande foto emoldura de Durval
Ferreira posando com o violão à frene. Para sentarmo-nos chegamos ao beco por
volta das 18 horas. Com isso fomos os primeiros da fila. Nos dão comandas
numeradas e ficamos andando ali pela Atlântica enquanto a hora chegasse.
Abriu a porta da boate, entramos, e ficamos os seis (o tanto
do nosso grupo) bem colados ao pequeno palco. Assim como ficássemos nas
cadeiras juntos a grupos de amigos que resolvem fazer uma noitada de música. A
distância entre nós e o palco era o suficiente para a passagem do garçom. A
prestação do serviço é sofrível. Os preços não são exploradores.
Agora vem o lado especial. Não é um show, com produção
especial, talvez como Miele e Bôscoli fizeram no passado. Mas diante de tantos
espetáculos de luz, som e efeitos especiais que tornam os ouvintes em alvo
passivo ou controlado pelos do palco, é um alívio ser parte do show. Está ali
como sentados na sala de casa com todos eles.
E tem mais. É uma noite de artistas. Tantos foram os que
passaram pelo palco. Com os instrumentos trocando de mãos, uma nata de jovens
músicos na percussão, no teclado, no baixo, ao violão, no trompete, até na
flauta transversa. E nesses momentos eles não apenas querem se mostrar para o
público, como desejam um diálogo artístico com seus pares. Um diálogo de
arranjos, improvisos, de tocar no perfeito modo intimista e o outro compreender
e responder perfeitamente.
Paulinho Trompete, que fez parte de vários grupos (Ed Lincoln,
Lafayette, Som 7 etc.), tocou em clubes pelo mundo (Olympia de Paris, Carnegie
Hall) e atuou com muitas estrelas da música instrumental (Dizzy Gillespie, Ray
Charles, Chet Baker etc.) entrou no palco e arrasou.
Lá pelas tantas a Amanda, filha do Durval Ferreira canta
algumas canções e chama o Billynho (filho do Billy Blanco) ao palco. Ele canta
algumas canções, inclusive de recordações de sua infância nos EUA. Lá pelas
tantas ele conta que uma vez Dolores Duran chegou para o Billy Blanco e contou
que todas as noites ela tinha um fã que ia onde ela estivesse no Beco, mas
tinha um detalhe, ele não a cumprimentava e sentava-se de costas para ela. Ela
pensava que fosse por ela ser mulata. Disse que ele ficava até terminar a performance
dela, pedia uma comida para viagem, quando a quentinha estava embrulhada sobre
a mesa, ele saia, deixando o embrulho para trás. Com pouco o motorista dele
vinha, pegava o embrulho e ia embora.
E Billynho cantou esta "A Banca do Distinto", composição de
Billy Blanco, uma resposta ao “nobre” que não dá mão a pobre.
Durante o show, a noite virou, e Leny Andrade comemorou seu
aniversário. Leny o tempo todo intervia, falava, contava histórias, brincava
com o João Donato, como o Paulinho Trompete. Todo aquele pessoal efetivamente
atinge um êxtase com a música.
Leny vem ao palco, domina a casa e canta várias músicas.
Quando cantava “Até Quem Sabe
Saímos felizes, mais de meia noite pelas ruas de Copacabana.
Terminamos o programa comendo um sanduíche no Cervantes, na Prado Júnior. Aí,
de volta para casa, com o domínio da vida.
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