Ou melhor: o governo e sua política de aliança com o PMDB
perdeu a Câmara dos Deputados. Ganhou no Senado, sem convicção. E perdeu para
quem?
Primeiro para os deputados dissidentes da “base do governo”,
segundo para a oposição (vai aproveitar-se da confusão no galinheiro do
vizinho) e para a grande mídia corporativa (que é contra o governo Dilma e tem
Eduardo Cunha no punho, dada a fragilidade jurídica do mesmo).
Mas era um resultado esperado. A base desta previsão era o
próprio processo de financiamento das eleições. Mas especificamente a
influência do poder financeiro nos resultados das mesmas. E onde nasce tal
coisa.
Primeiro saiba-se que isso ocorre em todas as sociedades
onde há votação em massa para escolha dos dirigentes do Estado. Isso foi uma
evolução do comportamento da classe rica para se contrapor à emergência das
sociedades do voto universal.
O voto universal é uma grande mobilização do povo. As
campanhas eleitorais atingem milhões e custam muito caro e cada nova tecnologia
de convencimento, usando as técnicas sofisticadas da propaganda comercial, se
volta para o interesse da classe rica.
Mesmo os plebiscitos, as consultas amplas sofrem o efeito do
dinheiro privado em seus resultados. Usando as técnicas de propaganda em massa,
já tão bem experimentadas desde o século XX, é possível conduzir as escolhas em
benefício de certas classes privilegiadas. Para isso se usam de mitos e falsidades
para confundir um simples ato, aquele da escolha.
A outra ponta do domínio político da elite é o controle dos
partidos políticos, por meio de prepostos ou diretamente. Como a lista de
candidatos já sai pronta dos partidos, as escolhas já se reduzem aí. De modo
que após passar a barreira pesada dos “dirigentes partidários”, as opções
populares vão se desgastar no financiamento das campanhas.
Por isso o Congresso Nacional e o Senado são conservadores,
formado por bancadas de interesse e por milionários representantes de certos
segmentos. É um Congresso formado por representantes de classe, que não aceitam
políticas sociais e de interesse da maioria, que é, contraditoriamente, quem os
pôs lá.
Quando falarem em Eduardo Cunha e Renan Calheiros, lembrem-se
de Luiz Eduardo, de Severino Cavalcanti, este em pleno governo Lula deu um
troco no governo, sendo eleito pelo baixo clero. Agora é o que se sabe: Eduardo
Cunha e Renan são presidentes do outro poder e a negociação vai ser por aí. Como
foi com o STF que compõe o terceiro governo. Não tem novidade, é a mesma coisa,
de modo inamistoso ou negociado.
Agora onde a repercussão maior acontece não é no governo.
Este, como é um intervalo no tempo, até pode usar estes personagens para
justificar suas acomodações. Afinal o PT não é um partido revolucionário e nem
de um governo também revolucionário.
A diferença é para a sociedade e sua agenda política:
autonomia nacional, meio ambiente, fonte energética e de matérias primas,
distribuição de renda, emprego e renda, qualidade de vida nas cidades e no
campo, liberdade de opinião e diversidade de meios para isso, liberdade na base
de comunicação interpessoal (internet), maior valor coletivo e redução do valor
privado a apenas as pessoas e suas necessidades. Entre outras questões.
Esta agenda continua a mesma de antes das eleições. Ela é
imperativa para o destino das gerações. Para um projeto de sociedade solidária,
participativa e capaz de mobilizar seus conhecimentos. Essa é a agenda
principal.
E não podemos esquecer que as técnicas de manipulação estão
em plena ação: controle das informações, vigilância das pessoas e dos
comportamentos, contrainformações para desacreditar a agenda coletiva,
sabotagem e assim por diante. Só isso explica porque pessoas tão bem formadas
em termos de educação, sejam capazes de reproduzir tanta bobagem.
Uma das tabulas rasas mais intensas deste momento são as redes
sociais. Ali se preparam verdadeiras forças (o Exército Inglês, Israelense,
entre outros têm equipes para fazer a guerra no Facebook) para criar climas,
convicções e posições infladas como um saco de papel cheio de ar. Isso corre
solto no nosso dia-a-dia. Pessoas com formação em contabilidade, experiência em
empresa é capaz de aceitar na conta da corrupção toda aquela história dos 88
bilhões da Petrobrás.
Mas isso não é de agora. A técnica de levar as pessoas a
imaginarem que toda a origem dos seus problemas é da corrupção é antiga e fonte
da perseguição aos judeus pelos nazistas alemães, de perseguição religiosas, de
grupos e assim por diante. É uma verdadeira troca da parte pelo todo.
Ou alguém em sã consciência não sabe que a maior de todas as
corrupções se encontra nas manipulações de preços, no ganho exorbitante dos que
acumularam capital e especulam no mercado financeiro, no enriquecimento sem
causa e assim por diante. O sistema capitalista já era inerentemente corrupto,
mas sua ganância (inerente) exacerbou a sua corrupção e a maior evidência são
as novas tecnologias da era digital e o mercado financeiro.
É nesse sistema de exploração (novas tecnologia .com e
financeiro) que o Império Americano pretende eternizar-se. Pelo menos no tempo
das próximas gerações.
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