Senhor
Presidente, Senhoras Senadoras, Senhores Senadores,
Eu vim aqui
relatar um episódio que aconteceu nos últimos dias. Tive uma amostra, embora
essa não tenha sido a primeira, do que há de pior no jornalismo, que se
manifesta quando alguns profissionais pensam que detêm a exclusividade da
informação e da verdade. Este pensamento arrogante, aliado ao mau-caratismo e
movido por interesses escusos, pode ter efeitos devastadores na vida de
qualquer cidadão, especialmente, quando praticado por um grande veículo de
comunicação.
Há duas semanas,
os jornalistas Leslei Leitão e Thiago Prado – da revista Veja – me procuraram
alegando ter em mãos o extrato de uma conta minha no Banco BSI, na Suíça, com o
saldo de 7 milhões e meio de reais. Fui enfático ao responder. Disse que não
tinha a conta mencionada e nenhuma relação com aquele banco, consequentemente,
o extrato não poderia existir. Mas eles insistiram na veracidade do documento.
Eu, então, ironizei: se o dinheiro for meu, eu vou buscar.
Mesmo diante da
minha negativa, os jornalistas não tiveram a prudência de investigar e apurar
com afinco a veracidade do documento. Eles resolveram publicar uma matéria
mentirosa e difamatória, baseados unicamente num documento falso, sem nenhuma
comprovação, intitulada: “O Mar não está para peixe!”
A publicação
rapidamente se espalhou, foi reproduzida por inúmeros jornais no Brasil e no
mundo. Recebi milhares de questionamentos – não pela origem do dinheiro, porque
graças a Deus, tenho uma condição financeira confortável fruto do meu trabalho
fora da política – mas pelo fato da quantia não ter sido declarada à Receita
Federal. Diante da grande repercussão e do meu compromisso público com milhões
de brasileiros, peguei um avião e viajei até a Suíça pra passar a limpo a
história, obviamente, pagando todas as despesas do meu bolso.
Naquele país,
constitui dois advogados em Genebra, onde cheguei acompanhado por minha
ex-mulher Isabella, hoje amiga, que é fluente em francês e pode auxiliar com o
idioma. Nessa reunião os representantes do BSI confirmaram que o extrato é
falso e que eu não tenho nenhum vínculo com a instituição financeira, muito
menos uma conta. Imediatamente comuniquei a todos, por minhas redes sociais, a
veracidade dos fatos.
Hoje recebi do
banco suíço BSI a confirmação definitiva de que o extrato da suposta conta bancária
– com o saldo de R$ 7 milhões e meio de reais – em meu nome, é falso. Com essa
constatação de grave delito penal, o banco também me comunicou que fez uma
queixa penal no Ministério Público de Genebra para que eles possam apurar o
crime.
Paralelo a isso,
o Ministério Público Federal do Brasil também emitiu uma certidão comprovando
que não há no órgão nenhuma apuração dessa suposta conta bancária mantida por
mim na Suíça. Desmentindo, mais uma vez, a revista Veja.
Diante destes
fatos, volto aqui a questionar os métodos de reportagem da revista. O
jornalismo, quando exercido com responsabilidade e profissionalismo, é um dos
mais importantes pilares da nossa democracia. Mas não podemos aceitar que
crimes sejam cometidos, disfarçados de jornalismo.
Eu sou uma
pessoa pública e graças a Deus tenho os recursos para me defender. Mas muita
gente não tem. Esse tipo de irresponsabilidade não pode passar em branco. Estou
processando a revista Veja e os jornalistas que escreveram a matéria, cobrando
uma indenização por danos morais no valor de dez vezes o que eles disseram que
eu tinha na Suíça.
Serei sempre a
favor da liberdade de expressão, mas, neste caso, se trata de um fato
criminoso, e por isso, eles terão que esclarecer à justiça brasileira e suíça
quem falsificou esse extrato.
Ser vítima de
injustiça é muito ruim, mas, por outro lado, isso serviu para mostrar a falta
de ética da Veja, uma revista sem credibilidade, que já sofreu diversos
processos e, mesmo assim, não deixa de fazer publicações sem provas. O que
ficou bem claro, pela repercussão do assunto, é que as pessoas não consomem
mais mentiras sem reagir.
Aos que estão me
vigiando, peço que continuem o trabalho. Porque estou servidor público e devo
satisfação aos cariocas e brasileiros. Como bem disse Thomas Jefferson: “O
preço da liberdade é a eterna vigilância”. E eu prezo muito pela minha.
Diferente do que
disse a revista Veja, o mar sempre esteve, está e continuará para peixe.
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QUI, 06/08/2015 - 09:52
ATUALIZADO EM 06/08/2015 - 09:52
O banco suíço
BSI entrou com pedido de queixa penal no Ministério Público de Genebra
Jornal GGN - Na noite desta
quarta-feira (05), a Veja publicou uma nota pedindo desculpas ao senador
Romário "por ter publicado um
documento falso como sendo verdadeiro". A ação ocorreu após o
banco suíço BSI emitir em nota a falsidade do extrato utilizado pela revista
para afirmar, em reportagem, que o parlamentar teria R$ 7,5 milhões. O banco
ainda entrou com uma queixa penal no Ministério Público de Genebra.
"Esse
pedido de desculpas não veio antes porque até a tarde desta quarta-feira ainda
pairavam perguntas sem respostas sobre a real natureza do extrato, de cuja
genuinidade VEJA não tinha razões para suspeitar. A nota do BSI dissipou todas as questões a respeito do extrato. Ele
é falso", disse a nota do site da revista.
A Veja insistiu
que continuará investigando a legalidade do extrato, "revisando passo a
passo o processo" que, segundo eles, não teve "nenhuma má fé" e
que a publicação do documento falso como verdadeiro é um "evento singular
que nos entristece".
Após a
publicação da revista há duas semanas, Romário decidiu viajar até Genebra para
verificar as informações. O senador descobriu que os documentos eram falsos.
Uma carta do BSI desta quarta-feira (05) comprova: "nós estabelecemos como
certo que este extrato bancário é falso e que o Sr. Romário de Souza Faria não
é o titular desta conta em nosso banco na Suíça", diz a correspondência
endereçada aos advogados contratados por Romário em Genebra.
O banco disse,
ainda, que abriu uma "queixa penal na Procuradoria Geral de Genebra no dia
4 de agosto de 2015", contra "um desconhecido", podendo
"estabelecer com certeza que o extrato da conta é falso e que o sr.
Romário de Souza Faria não é, portanto, titular de dita conta em nosso banco na
Suíça" ao procurador responsável. A instituição financeira considera que
os atos "constituem diversos delitos penais graves, em especial a
falsificação de documentos"
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