A MANIFESTAÇÃO DA DISSOCIAÇÃO COGNITIVA
Leon Festinger, estudando psicologia social, nos livros When Prophecy Fails de 1956 e no livro A Theory of Congnitive Dissonance de
1957, analisou um fenômeno humano que contempla as ideias formadas com as
contradições postas diante delas.
O fenômeno chamado de Dissonância Cognitiva foi bem explicado
por J. Gager (especialmente nas religiões) conforme citação de Raza Aslan no
seu livro Zelota. Diz Gager: “sob certas
condições, uma comunidade religiosa cujas crenças fundamentais são contraditas
pelos acontecimentos do mundo não necessariamente entra em colapso e se
dissolve. Em vez disso, pode realizar a atividade missionária zelosa como uma resposta
ao seu sentido de dissonância cognitiva, ou seja, uma condição de angústia e
dúvida decorrente da não confirmação de uma crença importante”.
Diante da realidade que nega suas crenças, passam a realizar
práticas coletivas e públicas que tentam negar a própria realidade em reforço
de suas assertivas anteriores. Leon Festinger esclarece este mecanismo da
psicologia social.
Diz Festinger: “A
presença da dissonância dá origem a pressões para reduzir ou eliminar a
dissonância. A intensidade da pressão para reduzir a dissonância é uma função
da magnitude da dissonância. Para pegar um dado fundamental do século XX.
Quem acompanhou o “discurso” do Partido Comunista Brasileiro
a respeito da União Soviética, especialmente no calor da Guerra Fria, sabe o
quanto ele sofria uma Dissonância Cognitiva. E isso esticou tanto que as lutas entre
“Revisionistas” e “não Revisionista”, Eurocomunistas e tantos debates mais
redundou numa dissociação de fato a ponto de partes importantes aderirem a
outra margem ideológica.
Quando leio, ouço ou alguém me diz sobre certos diagnósticos
da realidade brasileira, percebo uma enorme Dissonância Cognitiva em certas
pessoas ou grupos que concordam com certas visões. Muita gente pensa o país em
termos sociais, de saúde, educação, desenvolvimento, urbanidade e outras
característica fundamentais com dados de uma realidade que não existe mais.
Acontece que os dados são conhecidos até porque as
informações passaram a ser mais detalhadas, completas e com maior divulgação
que permitem acesso amplo. Mas como diz Vinícius: “você que olha e não vê”....e mais à frente “você vai ter que aprender”.
Hoje, quando no balanço de uma crise política e econômica, setores
se radicalizaram e vieram para as ruas, quando sectários de extrema direita em
pleno surto de dissonância cognitiva, se exaltam, no meio de tanta gente que
deseja manifestar sua insatisfação política, este é um fenômeno de psicologia
social bastante presente. Não são textos nas redes sociais que mudarão isso,
mas certamente exaltam a grande conquista humana que foi a cognição.
Conhecer, a grande marcha nas ruas.
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