Recorrente - mas ainda assim impressionante - como aqueles que atingem certo destaque em alguma profissão, principalmente os que lidam diretamente com o público, se transmutam da noite pro dia, tanto em termos comportamentais como em termos visuais. Dentre estes se sobressaem, justamente pelo contato mais próximo com o povo, jogadores de futebol e cantores dos mais diversos estilos (bregas, sertanejos, românticos e por aí vai), sejam nacionais ou internacionais.
Os primeiros (jogadores de futebol) normalmente oriundos de famílias paupérrimas, quando finalmente “chegam lá” fazem questão de ostentar, de exibir, de ser “diferente”, como a querer mostrar que não são inferiores a ninguém, compensando de certa forma a “vida-de-cão” que levaram no passado. Assim, visando mandar para o espaço o complexo de inferioridade enrustido durante tanto tempo, além dos carrões, roupas de grife, joias caras e mansões luxuosas, adotam os mais esquisitos e ridículos cortes de cabelo, que de pronto passam a ser adotados por seguidores fanáticos (que o diga o tal do Neymar e seu estilo moicano ou aquele horroroso corte exibido pelo tal Ronaldo Gordo Nazário, no final da Copa do Mundo do Japão, onde o Brasil foi vencedor).
Já no tocante aos cantores que se destacam a coisa é mais “seleta, refinada e eclética”, a saber: uns, embora teimem em falar e pregar a “humildade”, nos seus shows exigem dos patrocinadores uma determinada marca de água mineral importada (preferencialmente de um país distante); frutas, preferencialmente aquelas oriundas dos cafundós do planeta Terra; não dispensam uma bebida de primeira qualidade, evidentemente que também de outras plagas; já um outro só faz o show se o camarim for decorado unicamente na cor azul, com móveis confeccionados de uma madeira tal, e outras extravagâncias.
Tempos atrás, um deles nos apareceu com uma exigência que, muito mais que excentricidade, poderia ser confundida com “frescura pura” (e não é pelo fato de ser reconhecidamente um homossexual assumido); fato é que o renomado (e bom) cantor britânico Elton John exigiu para uma certa turnê (Follow the Yellow Brick Road), que empreendeu no Brasil, mimos que chegaram às raias do absurdo.
Assim, além do cachê altíssimo que recebeu, exigiu dos patrocinadores do seu show (aqui em Fortaleza), dentre outros itens: 01) que, toda a Arena Castelão, onde foi realizado o evento, fosse climatizada a 19 °C; (assim, embora normalmente a temperatura ambiente da Arena Castelão seja de 35/40°C, em todas as áreas por onde ele fosse circular, a temperatura não poderia passar dos 19 graus e PT saudações); 02) que, no seu camarim fosse instalado um telão de alta definição, a fim que pudesse assistir a canais esportivos; 03) que, fosse criado o “Espaço Elton John Hospitality” (espécie de sala de visitas) com ornamentação de plantas naturais com pelo menos 1,80 metro cada, preferencialmente palmeiras e fícus; e 04) que, para comer, estivessem disponíveis saladas de frutas, de legumes e sopas vegetarianas (aqui, até que não foi muito exigente). Descartou, entretanto, qualquer proteína animal.
Será que os patrocinadores do evento conseguiram atender a todas as exigências do bom, mas já decadente cantor ??? E se não o fizessem, será que o mesmo recusar-se-ia a cantar para seus adeptos do Ceará ???
No mais, para os que se dispuseram a ir ao show, foram colocados à venda 40 mil ingressos (a “preços de banana” em fim de feira, na mais recôndita periferia), a saber: gramado cadeira ouro (R$ 600), plateia inferior direita (R$ 140), gramado cadeira prata (R$ 460), gramado cadeira bronze (R$ 360), camarote vip open bar (R$ 500), camarote privativo (R$ 800), plateia inferior esquerda (R$ 140), plateia superior especial (R$ 300), plateia superior esquerda (R$ 110) e plateia superior direita (R$ 110).
E aí, você foi um dos que lá
compareceram ???