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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Frei Galvão, nosso santo


25 de Outubro - Dia de Frei Galvão

Nesta data, comemorá-se - pela primeira vez - o Dia de Santo Antônio de Santana Galvão, o primeiro santo brasileiro.
Abaixo artigo escrito pelo Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo:

Frei Galvão, nosso santo
Dom Odilo P. Scherer*


No dia 25 de outubro deste ano, pela primeira vez, a Igreja comemora o dia de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão; é uma alegria para todos nós, de São Paulo e do Brasil.

Frei Galvão, nasceu em Guaratinguetá, no Vale do Paraíba; depois de passar vários anos na Bahia e no Rio de Janeiro, para realizar seus estudos, ele viveu e trabalhou, como padre franciscano, na cidade de São Paulo e a santificou com sua presença, sua atividade e seu testemunho de vida cristã. Aqui também faleceu e está sepultado na igreja do Mosteiro da Luz, que foi planejado e edificado por ele próprio. Aqui, para a alegria de todos nós, foi canonizado pelo papa Bento XVI no dia 11 de maio de 2007. Podemos, portanto, dizer com razão que Frei Galvão é “nosso santo”...

Ter um santo que viveu entre nós tem um significado muito especial. Significa, antes de tudo, que os santos não são mitos inventados pela fantasia humana, nem caíram do céu, como seres superiores, que não fazem parte da nossa experiência histórica. São pessoas reais, com endereço e história pessoal, com familiares e parentes, e que também lutaram pela vida e sofreram. Os nossos santos são membros da família humana, irmãos de caminhada da comunidade eclesial.

Mas foram grandes cristãos, que viveram um intenso amor a Deus e aos irmãos, deixaram um testemunho de fé e caridade, que serviu e serve ainda como referência: muitas outras pessoas, olhando para eles ou aproximando-se deles, sentiram-se encorajadas a imitar seus exemplos e a viver como eles. Os santos são grandes amigos de Deus, que já alcançaram a “casa do Pai”e agora vivem na companhia de Deus; e também são nossos amigos, totalmente interessados em que nós alcancemos igualmente a vida eterna e estejamos, um dia, em sua companhia. Por isso nós podemos recorrer à sua intercessão e eles pedem a Deus por nós.

A cidade de São Paulo, graças a Deus, pode contar com habitantes santos, do passado e também de hoje. Graças a Deus, a santidade não é coisa do passado; há muitas pessoas levando vida de intensa santidade. E, além dos muitos santos e santas padroeiros das comunidades, igrejas, lugares e pessoas, esta metrópole agitada e sempre ocupada também foi edificada por santos já reconhecidos tais pela Igreja, como Frei Galvão e Madre Paulina, além dos beatos padres Anchieta e Mariano de la Mata.

Nossos santos, membros eminentes da comunidade humana e da Igreja, são um estímulo para que nós façamos hoje aquilo que eles fizeram durante sua vida: viveram um profundo amor a Deus e ao próximo e testemunharam a força da vida nova orientada pelo Evangelho de Jesus Cristo. Foram homens e mulheres de Deus cuja presença irradiaram entre os irmãos e no meio da cidade; nas suas vidas, ficou mais compreensível que “Deus habita esta cidade”... Por isso, eles atraíram e continuam atraindo a atenção de tantas pessoas, que buscam neles os “sinais”de Deus. Buscando os santos, as pessoas acabam encontrando Aquele que é a fonte e a origem de toda santidade: o próprio Deus.

Frei Galvão, homem de oração, deixou-nos o exemplo de como buscar Deus acima de todas as coisas, no coração da cidade, e a orientar para Ele nossas vidas, se quisermos acertar o caminho e alcançar a felicidade; homem da Palavra de Deus, soube acolhê-la através da leitura, do estudo atento e da meditação, para transmiti-la também aos outros através da pregação e do aconselhamento. Homem da caridade, Frei Galvão sensibilizou-se ativamente diante das necessidades do próximo, socorrendo as pessoas nas mais variadas situações de sofrimento e angústia. Homem cristão e filho da Igreja, ele amou esta cidade e foi também amado pelo seu povo, que reconheceu nele o “homem de Deus”, que apontava para os caminhos de Deus com autoridade e credibilidade.

Que santo Antônio de Sant’Anna Galvão, nosso santo, interceda junto de Deus por todos nós e nos ajude a sermos nesta cidade, no início do século XXI, aquilo que ele foi há quase dois séculos: verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo para que, Nele, nosso povo tenha vida plena.

*Dom Odilo P. Scherer,58, é Arcebispo de São Paulo (SP)

2 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

Importante revista semanal(Veja) trouxe matéria falando sobre o esforço do Brasil tentar "emplacar" mais quatro novos santos, todos já beatificados pelo Vaticano: Albertina Berkenbrock (Santa Catarina), Padre Manuel Gomes Gonzáles e coroinha Adílio Daronch (Rio Grande do Sul), e Irmã Lindalva de Oliveira (Bahia).Os três primeiros são mártires.

O Brasil tem 76 beatos, dentre eles Padre Ibiapina, sobralense, que fundou, em Crato, uma Casa de Cariridade.

O interesante, pra não dizer curioso, é que, segundo a reportagem da supracitada revista, os novos beatos brasileiros são conhecidos apenas nos estados onde viveram. Andam longe da fama do padre José Anchieta (jesuíta que se destacou na catequização colonial) ou do Padre Cícero, que, para, ser beatificado, tem de se reabilitar, pois foi afastado da Igreja (diga-se de passagem, sem muita fundamentação canônica).

Nosso Bispo Dom Fernando tem feito um trabalho exemplar para reparar este erro. Devemos, pois, apoiá-lo incondicionalmente.

Carlos Rafael Dias disse...

Muito interessante, e até pedagógico, como Dom Odilo relaciona santidade e cidadania...