TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 23 de maio de 2008

A Abelha

A abelha que, voando, freme sobre

A colorida flor, e pousa, quase

Sem diferença dela

À vista que não olha,



Não mudou desde Cecrops. Só quem vive

Uma vida com ser que se conhece

Envelhece, distinto

Da espécie de que vive.



Ela é a mesma que outra que não ela.

Só nós — ó tempo, ó alma, ó vida, ó morte! —

Mortalmente compramos

Ter mais vida que a vida.


Fernando Pessoa

2 comentários:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Zé: baixa no assunto com sutileza. Também podera logo com Fernando Pessoa. Eis onde cabe a poesia na vida das pessoas pequenas demais para o tamanho que lhe é próprio.

Marcos Vinícius Leonel disse...

Essa é a lavra da poesia esotérica do poeta Pessoa. Muito mística essa poesia.