TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 11 de maio de 2008

E tem rapariga aí ...


Tem rapariga aí? Se tem levante a mão!". A maioria, as moças, levanta a mão.

Artigo de José Teles publicado no Jornal do Comércio-PE

Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são "gaia", "cabaré", e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhando uma música da banda Calipso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de "forró", e Ariano exclamou: "Eita que é pior do que eu pensava". Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.

Pruma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta "desculhambação" não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de "forró", parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético,. Pior, o glamur, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina "forró estilizado" continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem "rapariga na platéia", alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção ?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é "É vou dá-lhe de cano de ferro/e
toma cano de ferro!", alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

Por: José Teles
JC online, 07 de maio de 2008
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Nota do Blog do crato:
Tenho feito da minha vida uma luta contra essa esculhambação, que é formada por um triângulo do mal, onde numa ponta, os proprietários de bandas de forró, na outra, a mídia, e na terceira, os promotores de eventos. O povo não tem culpa por consumir essa porcaria, porque a ele só é dado a conhecer isso. Eles não tem acesso a outra informação. Os homens do Cartel ( aquele FDP que é dono do SomZoomSat mesmo ) tem espaços nas estações de rádio. A coisa toda funciona com dinheiro, jabá. Locutores recebem grana para divulgar as "mer..." que o cartel joga pra eles. Toneladas de CDs grátis chegam às estações de Rádio todo mês. A Rádio não precisa comprar CDs. Porque ela iria investir 25 reais num CD de Gilberto Gil, se recebe o último lançamento de Aviões do Forró de graça ???

É todo um esquema muito bem preparado, e que Eu, e mais uma turma, estamos preparando um documentário em vídeo, invadindo os porões mais nefastos das estações de rádio e levando a conhecimento público a podridão que existe nesse esquema todo, em que um grupo se apoderou das estações de rádio e manipula o povo.

A palavra de ordem é: Democratizar a Mídia.
Banda de Forró é o Câncer da Música!

Dihelson mendonça
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Artigo postado por Dr. José Flávio Vieira.
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2 comentários:

Marcos Vinícius Leonel disse...

O monopólio das rádios chega até ser um crime contra a radiodifusão livre(?!?). Alguns produtores se apoderam de algumas emissoras para transformá-las apenas uma ferramenta comercial para os shows que eles promovem, tocando exaustivamente as músicas do artista contratado. Outro fato é que alguns imbecis de plantão afirmam que é impossível esse tipo de música influenciar negativamente uma sociedade. Basta você detectar o perfil de quem produz, de quem cria(?) e de quem gosta de Felipão e outras merdas.
É difícil esperar alguma coisa positiva de uma sociedade que consume esse tipo de lixo, a não ser esculhambação e falta de civilidade. Não é absolutamente normal alguém montar um som que não caíba em seu próprio carro e depois fazer meio mundo de gente escutar involutariamente a merda que o dono do som gosta.
Tô com você e não abro Dihelson.
abraços

Dihelson Mendonça disse...

É um monopólio.

Saibam os senhores, que até a "Ave Maria" de Schubert já foi gravada pelas bandas de forró ( em formato parecido com o original, mas com as cantoras de forró ), para que se tenha o domínio do rádio 24 horas do dia.

Você não escuta mais em certas estações NENHUMA música que venha de fora do Ceará, por exemplo, músicas de Lulu Santos, nem outro artista popular, ou pop, como queiram, porque a organização criminosa do Forró quer todo o espaço.

À noite, as bandas de forró regravaram os sucessos do Brasil. Se alguma música faz sucesso por exemplo, na voz de Zezé di Camargo, eles regravam, para que o povo não precise escutar o original. Eles já regravaram meio mundo de músicas. Desde Pops americanos dos anos 70 e 80. Tem banda de forró tentando gravar em inglês...imagine que porcaria fica... apenas para que as pessoas não procurem o original.

As bandas de forró, através do Somzoomsat querem dominar todo o espectro, apresentando músicas animadas e suaves. Eles têm todo um aparato de gravação, estúdios à vontade, inúmeros músicos à disposição, toda a infra-estrutura de um cartel.

Agora, quem há de confrontar ?
O GOMEZ, que tinha uma estação de Rádio no crato, rádio independente, que foi fechada, me disse em entrevista, que os "Homens" chegaram para ele e disseram:

"Gomez, se você quiser reabrir a sua Rádio, nós conseguiremos em 3 dias. Só precisa que você entre para o nosso "esquema" ( do forró ), daí a "gente" faz VG."

Gomez perguntou: "E o que é VG" ?

Responderam:

"Vista-grossa"

Quer dizer, eles tem poder de reabrir a rádio em 3 dias ? taí Gomez há uns 4 anos sem conseguir reabrir porque não se vendeu ao esquema do Forró eletrônico.

É UMA MÁFIA !

Dihelson Mendonça