São Vicente Ferrer do Crato
Depois da devoção a Nossa Senhora da Penha, um dos santos mais cultuados em Crato é São Vicente Ferrer. Por isso, é interessante relembrar um fato que teria ocorrido, no final do século 19, relacionado com a estátua desse santo, venerada na Igreja-Matriz da Paróquia do mesmo nome, na cidade de Crato.
Devemos a preservação da memória desse acontecimento a Irineu Pinheiro, cfe. vê-se no livro “O Cariri”, editado em Fortaleza (CE) em 1950, página 270.
Depois da devoção a Nossa Senhora da Penha, um dos santos mais cultuados em Crato é São Vicente Ferrer. Por isso, é interessante relembrar um fato que teria ocorrido, no final do século 19, relacionado com a estátua desse santo, venerada na Igreja-Matriz da Paróquia do mesmo nome, na cidade de Crato.
Devemos a preservação da memória desse acontecimento a Irineu Pinheiro, cfe. vê-se no livro “O Cariri”, editado em Fortaleza (CE) em 1950, página 270.
Consta lá:
“É muito antigo o culto a São Vicente Ferrer, no Crato. Em 1788, já havia, ali, um oratório dedicado ao grande taumaturgo espanhol (...) Em 29 de dezembro de 1801, como se pode ver no primeiro cartório do Crato, doou Dona Luiza Joana Bezerra, viúva do capitão Sebastião de Carvalho Andrade, mãe do Padre Pedro Ribeiro da Silva, iniciador da capela de Juazeiro, terras próximas do Crato”, junto à falda da Serra Grande (Araripe) para o patrimônio de “uma capela de pedra e cal” que ela, a doadora, se comprometia a erigir em honra do Senhor São Vicente, com o fim de “beneficiar a alma de seu marido e em favor do bem espiritual de sua pessoa e de outros “pertencentes”.
(Esclarecemos que Luiza Joana Bezerra era a filha mais velha do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, este o construtor da capelinha de Nossa Senhora das Dores, na Fazenda Tabuleiro Grande, origem da cidade de Juazeiro do Norte).
Voltemos à página 271, do livro citado.
Voltemos à página 271, do livro citado.
“No paroquiado do Padre Antônio Fernandes da Silva (1883 a 1892), trouxeram ao Crato, desde a derradeira estação da Estrada de Ferro de Baturité, numa distância de dezenas de léguas, a atual estátua de São Vicente Ferrer, substituta da primitiva, que era pequena. Carregaram-na através dos sertões, num caixão, em ombros de homens, à frente destes o Padre Felix de Moura (...)
“Em menino, ouvi dizer que da povoação de Juazeiro, penúltima etapa da viagem, até o Crato, viu-se no céu uma estrela a acompanhar a imagem, nos treze quilômetros que medeiam entre as duas localidades caririenses. Era a lenda que ia se formando em torno do Santo, pensava eu. Mas, depois, verifiquei haver algo de verdade na versão do povo. Uma vez, em Juazeiro, a passeio visitei a boa velhinha Teresa do Padre Cícero, assim chamada por ter sido criada em casa do famoso sacerdote, considerada pessoa da família por sua bondade e dedicação, e ela, no correr da conversação, disse-me quase textualmente: “Dormiu aqui, em Juazeiro, na capela, o caixão em que veio São Vicente. Sinhozinho (era assim que ela tratava o Padre Cícero), Sinhozinho e o Padre Felix convidaram o povo para levá-lo ao Crato, na madrugada seguinte. Bem cedo, inda escuro, postei-me na Rua Grande, onde morava e moro hoje, num terreno vago, do lado nascente, e aguardei a passagem do préstito. Ao aproximar-se o caixão, ao lado os dois padres, vi sair entre a igreja e a casa que lhe ficava mais próxima, uma luz muito brilhante que voou rápida em busca do santo. Não pretendia eu ir ao Crato, mas, em vista do prodígio, corri até minha casa, pus, às pressas, um chale à cabeça e encorporei-me no cortejo que era numeroso”.
E conclui Irineu Pinheiro:
E conclui Irineu Pinheiro:
“Estimaram-na todos que conheceram à velhinha Teresa, morta há alguns anos nonagenária, sempre tida por absolutamente fidedigna”.
Que a luz de São Vicente Ferrer continue a brilhar neste vale do Cariri, de modo especial na cidade de Crato, onde ele é particularmente venerado...
Que a luz de São Vicente Ferrer continue a brilhar neste vale do Cariri, de modo especial na cidade de Crato, onde ele é particularmente venerado...
Um comentário:
Quem foi São Vicente Ferrer
Vicente Ferrer nasceu em Valencia em 1350 e pertencia a Ordem dos Pregadores, mais conhecida por "Dominicanos".Após ordenar-se foi enviado para Barcelona para completar os seus estudos. Após ensinar em Lédrida ele retornou a Barcelona onde ganhou a fama de prever com exatidão a chegada de navios de grãos durante uma seca ou em tempo de fome.
São Vicente Ferrer - anos mais tarde - ficou gravemente doente e quase morreu, mas milagrosamente se recuperou após ter tido uma visão de Cristo, São Domingos e São Francisco de Assis. Nesta visão Vicente era orientado para ir adiante e pregar com vigor.
Vicente lançou uma turnê de pregação por toda a Europa Ocidental. Com eloquência e paixão ele atraia grandes multidões e logo ficou famoso em toda a cristandade. Sua oratória, brilhante e cheia de fogo, mantinha entretanto a lógica imperturbável das argumentações escolásticas. Mas a atração que as pessoas sentiam por suas palavras era devida principalmente a dois fatores: a percepção da presença de Deus nele e o enlevo, cheio de consolações, ocasionado pela graça divina.
A sua voz as inimizades públicas cessavam, os pecadores sentiam-se movidos ao arrependimento e as pessoas sedentas de perfeição seguiam-no. O auditório das suas pregações era sempre de multidões, às vezes mais de 15.000 pessoas, portanto ao ar livre. Contemporâneos do Santo relatam que, falando na sua própria língua, era entendido mesmo pelos que não a conheciam.
Na Espanha ele foi nomeado um dos 9 juizes para decidir a sucessão da coroa de Aragon. O rei Ferdinando I foi o escolhido. Um dos melhores momentos de Vicente foi terminar com o Grande Cisma que dividiu a Igreja desde 1378. Mesmo sendo Bento XIII o pontífice, Vicente publicamente pediu para que ele renunciasse para o bem da Igreja. Ele também pregou muito para terminar com o Cisma e no Consílio de Constance, em 1418, ele conseguiu termina-lo. Nos últimos anos ele pregava no norte da França inclusive sermões para a corte do Rei Henry V (1300-1413).Ele veio a faleceu em Vannes Britania em 1419 e foi canonizado pelo Papa Calisto III 1455.
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