Como já é do do conhecimento até das estrelas da academia: o peido não resulta da respiração. Respirar não é uma opção. Nem o peido. Respira-se pois parte da vida é aeróbica. Necessita a cada segundo deste gás tóxico ao qual se convencionou chamar-se oxigênio. Não de gênio. Esta substância que desce pelos tubos da respiração e retorna como um poluente atmosférico (pelo menos dada as atuais condições).
Portanto peidar até pode ter alguma origem na deglutição deste gás, mas o normal é que sejam gases da decomposição de tremendos arranjos gustativos em busca de uma tarde modorrenta da ociosa vida intelectual. Quem afinal não gostaria de ficar para a história como um Gregório boca do inferno. Tem seu charme, azeda a pequena burguesia, enodoa as beatas e envenena alguns momentos dos fidalgos. Seria a mosca da sopa? Depende da fome na hora da sopa.
Então peidar é tão politicamente correto como respirar. Sem os dois não se vive. Como já dizia uma seminarista após uma reprimenda do reitor dado um barulho estranho durante a missa: ora Padre Xavier seu eu não peidasse poderia ficar com um nó nas tripas.
Calma. Eu sei. Respirar em presença dos odores de um peido não é muito fácil. Mas é preciso respirar, como é preciso peidar. Dizem da boa educação que o peido deveria ocorrer fora do ambiente. De qual ambiente? Não existe outro. É esse mesmo e então peidemos e respiremos.
Tudo muito humano. "Demasiadamente humano". E ao que é humano não nos cabe indiferença.
Portanto peidar até pode ter alguma origem na deglutição deste gás, mas o normal é que sejam gases da decomposição de tremendos arranjos gustativos em busca de uma tarde modorrenta da ociosa vida intelectual. Quem afinal não gostaria de ficar para a história como um Gregório boca do inferno. Tem seu charme, azeda a pequena burguesia, enodoa as beatas e envenena alguns momentos dos fidalgos. Seria a mosca da sopa? Depende da fome na hora da sopa.
Então peidar é tão politicamente correto como respirar. Sem os dois não se vive. Como já dizia uma seminarista após uma reprimenda do reitor dado um barulho estranho durante a missa: ora Padre Xavier seu eu não peidasse poderia ficar com um nó nas tripas.
Calma. Eu sei. Respirar em presença dos odores de um peido não é muito fácil. Mas é preciso respirar, como é preciso peidar. Dizem da boa educação que o peido deveria ocorrer fora do ambiente. De qual ambiente? Não existe outro. É esse mesmo e então peidemos e respiremos.
Tudo muito humano. "Demasiadamente humano". E ao que é humano não nos cabe indiferença.
7 comentários:
José do Vale
Tinha me prometido não gastar mais minhas tardes modorrentas respondendo a provocações indiretas que em vez de cheirar a peido cheiram ao mais nobre perfume de não sei de onde. Mas acho estranho esse mal-estar causada por algumas críticas. E por que um crítico precisa ser "genial", "importante" ou um candidato a Gregório de Matos? Por que tanto incômodo com a crítica? Ficaram mal-acostumados com os elogios permanentes?
Querido, não preciso ser mais nada . Estou muito contente com meu papel de razoável professor em uma Universidade pública em que debater ou criticar não é crime de lesa-majestade. Eu sei que as pessoas do blog o têm como um guru, o supra-sumo da inteligência. Pena que não o veja dessa forma mas o considero uma pessoa inteligente e capaz de compreender a complexidade da vida. Isso já é o suficiente. Estou bastante cansado desse lenga-lenga e chororô. Como as aulas se aproximam creio que vou preencher minhas tardes com coisa mais interessante. Mas, querido mestre, me responda uma coisa : quer dizer que sou considerado pedante, metido a gênio mas uma pessoa que em seu blog pessoal coloca uma enquete onde as pessoas podem achar sua poesia ótima, boa ou regular (claro que 99 por cento acham ótima) excluindo de cara as possibilidades ruim e péssima e no fim das contas eu que sou vaidoso? Se vocês quiserem eu paro de comentar a literatura do blog (uma moça ,pediu para esquecê-la, meu deus que criancice!) mas como diz Kaváfis:"sem bárbaros o que será de nós?".
esqueci de fazer uma pequena, humilde, recomendação. O livro "Como vencer um debate sem precisar ter razão" de Arthur Schopenhauer é um ótimo manual para aqueles que querem ganhar uma discussão se desviando do tema principal ou apelando, às vezes subrepticiamente, para o afeto. Um beijo no coração de todos.
Mauricio: nem sempre acesso blogs diferentes. Afinal o tempo nos limita em possibilidades, embora nos prometa todas. Realmente tenho me dedicado,quando posso, ao Cariricult e ao Blog do Crato. Nos demais busco informações. É muito uma questão de encontrar várias gerações do Cariri, de participar de debates, questionar, elogiar, entusiasmar-me e o que afinal temos quando mantemos contato entre nós.
Normalmente você posta ótimas matérias, mas a não ser por mais de 40 dias em que estive fora, acho que escreve pouco para o teu potencial. Poderia escrever mais não como obrigação tua, mas para proveito de teus leitores. Afinal escrever um blog comunitário é isso mesmo.
Não estranho querelanças entre nós. É do coletivo mesmo. Quando escrevi o peidar e respirar não se dirigia a você mesmo, embora, maliciosamente, tenha usado uma referência de Salvador no caso do Gregório. Afinal foi você quem mais provocou-nos neste últimos dias. Por vezes, desculpe o famigerado adjetivo, de modo gratuito.
Sei que temos muitos afazeres e nem sempre conseguimos ler o que queremos. Se tiveres um tempo, escrevi um texto sobre humildade em que a referência era exatamente uma questão que acho se encontra neste debate.
É a elevação. Elevar-se além da terra. Este é um grande problema das civilizações clássicas, inclusive desta. Cria-se o sistema hierárquico e daí em diante, por símbolos, esforços, organização social e econômica, começa um corre-corre para saber-se quem é melhor. Melhor em quê mesmo? Em praticamente nada no que se refere ao rés do chão.
Claro que eu fico feliz que você tente me colocar no rés do chão. Acho bom para todos nós. Inclusive para minha coerência. Eu só considero e acho que você tem o mesmo que eu, o fator afeto. Afeto é bom e tendemos, todos nós, a gostar. Entendo todo o elogio que eventualmente receba de outros escritores como uma afeto, uma afeto certamente me anima, mas não diminue quem o tem. Aceito o afeto e gosto.
Por último consideraria a vantagem de nos mantermos como adultos "respirando e peidando", sendo o que somos e diversificando o conteúdo do blog, uma forma, mesmo que primária de construir cultura. Se tivermos paciência de nos aguentarmos é quase certo que no final algo com uma estética ou outra elaboração estruturante de um modo de entender o mundo surja. E se for deste povo eu pularia de alegria.
Mauricio, considere um fato nos blogs atuais. Uma certa "grosseria" ao debater, ao comentar, um pouco de paciência com a divergência é bom. Ajuda nas nossas imperfeições e diferenças. Quando falo isso é que em todos os blogs que leio esse é um assunto recorrente. A grosseria como um fato que se isola em si mesmo.
Não se recolha, como acho que a Socorro e a Claude também não deverão fazê-lo. Entendo que, no entanto, certos tipos de abordagem se tornam julgamento e isso é ruim para qualquer processo de juntar-se, especialmente agora em que não existe grandes temas em debates, escolas divergindo ou assim por diante.
Proponho que andemos mais um pouco. Sempre com a liberdade de dizer o que é julgar necessário, com um certo estilo de respeito e cuidado quando a referência é quase pessoal. Por isso achei malicioso ter me referido ao Gregório. Me desculpo, apesar de que desejava este diálogo com você.
Mauricio: nem sempre acesso blogs diferentes. Afinal o tempo nos limita em possibilidades, embora nos prometa todas. Realmente tenho me dedicado,quando posso, ao Cariricult e ao Blog do Crato. Nos demais busco informações. É muito uma questão de encontrar várias gerações do Cariri, de participar de debates, questionar, elogiar, entusiasmar-me e o que afinal temos quando mantemos contato entre nós.
Normalmente você posta ótimas matérias, mas a não ser por mais de 40 dias em que estive fora, acho que escreve pouco para o teu potencial. Poderia escrever mais não como obrigação tua, mas para proveito de teus leitores. Afinal escrever um blog comunitário é isso mesmo.
Não estranho querelanças entre nós. É do coletivo mesmo. Quando escrevi o peidar e respirar não se dirigia a você mesmo, embora, maliciosamente, tenha usado uma referência de Salvador no caso do Gregório. Afinal foi você quem mais provocou-nos neste últimos dias. Por vezes, desculpe o famigerado adjetivo, de modo gratuito.
Sei que temos muitos afazeres e nem sempre conseguimos ler o que queremos. Se tiveres um tempo, escrevi um texto sobre humildade em que a referência era exatamente uma questão que acho se encontra neste debate.
É a elevação. Elevar-se além da terra. Este é um grande problema das civilizações clássicas, inclusive desta. Cria-se o sistema hierárquico e daí em diante, por símbolos, esforços, organização social e econômica, começa um corre-corre para saber-se quem é melhor. Melhor em quê mesmo? Em praticamente nada no que se refere ao rés do chão.
Claro que eu fico feliz que você tente me colocar no rés do chão. Acho bom para todos nós. Inclusive para minha coerência. Eu só considero e acho que você tem o mesmo que eu, o fator afeto. Afeto é bom e tendemos, todos nós, a gostar. Entendo todo o elogio que eventualmente receba de outros escritores como uma afeto, uma afeto certamente me anima, mas não diminue quem o tem. Aceito o afeto e gosto.
Por último consideraria a vantagem de nos mantermos como adultos "respirando e peidando", sendo o que somos e diversificando o conteúdo do blog, uma forma, mesmo que primária de construir cultura. Se tivermos paciência de nos aguentarmos é quase certo que no final algo com uma estética ou outra elaboração estruturante de um modo de entender o mundo surja. E se for deste povo eu pularia de alegria.
Mauricio, considere um fato nos blogs atuais. Uma certa "grosseria" ao debater, ao comentar, um pouco de paciência com a divergência é bom. Ajuda nas nossas imperfeições e diferenças. Quando falo isso é que em todos os blogs que leio esse é um assunto recorrente. A grosseria como um fato que se isola em si mesmo.
Não se recolha, como acho que a Socorro e a Claude também não deverão fazê-lo. Entendo que, no entanto, certos tipos de abordagem se tornam julgamento e isso é ruim para qualquer processo de juntar-se, especialmente agora em que não existe grandes temas em debates, escolas divergindo ou assim por diante.
Proponho que andemos mais um pouco. Sempre com a liberdade de dizer o que é julgar necessário, com um certo estilo de respeito e cuidado quando a referência é quase pessoal. Por isso achei malicioso ter me referido ao Gregório. Me desculpo, apesar de que desejava este diálogo com você.
Como estava irritado de "tanta, babaquice, tanta caretice" (pra continuar seguindo a linha do "grande" filósofo" Cazuza que é um hit no blog) acabei não lendo seu texto com a devida atenção. Agora, mais calmo, percebi que ele está bem acima das besteiras e dos artifícios (condenados em, mim mas reproduzidos pelos meus "inimigos": "tanta hipocrisia, essa eterna falta do que falar")vomitados nas defesas emocionais dos que falam pelos que não sabem falar. Talvez a referência a pretensão de ser um Gregório (o que pretende você? o que pretende os outros? Ser Machado de Assis? Ser Fernando Pessoa? Então ninguém pretende nada? Só eu que sou fraco e pretensioso na vida?)me fez igualá-lo aos comentaristas que para se defender usaram da artimanha de me imputar pretensões que não coloquei em jogo (Ver Schopenhauer). De qualquer forma reafirmo que viver na província não é fácil.A modorra deve ser maior. Do tamanho da frustração de cada um. E a tentativa de se proteger em panelinhas está sempre à mão. Paciência.
Quanto a metáfora da laranja estragada cara poeta, menos, menos... Poderia retrucar que nesse suco tem laranja doce demais, azeda demais, insípida demais etc. Siga o conselho do dramaturgo morto : Se na vida te derem um limão faça uma caipirinha.
José da Vale
quando escrevi o comentário acima não tinha lido o seu último comentário. Eles foram escritos quase na mesma hora quase que em sincronicidade. Concordo em quase tudo com seu texto só acho que minhas observações não têm o teor de agressividade comum em alguns blogs. Agressividade é mandar alguém se fuder, tomar no cu ou falar de características pessoais dos outros. Eu uso de ironia, minha tese de doutorado é sobre o humor, e como bom cearense acho que sou dotado de senso de humor. Alguém nos comentários confundiu ironia com cinismo o que não faz muito sentido. São duas visões do mundo (para Wittgenstein o humor não é um estado de espírito mas sim uma visão de mundo)diferentes. E por incrível que possa aparecer acho o exercício da humildade, e do reconhecimento do erro, fundamental para o crescimento de qualquer um. Você não colocou o link do texto sobre humildade para que eu possa lê-lo. Mas me irrita a maneira indireta como tentam me agredir (uma reação reativa?) no blog. Como um rapaz católico que manda recados através da música de Cazuza (cazuza e catolicismo não são uma contradição em termos). Prefiro que falem diretamente e, se possível, com suas próprias palavras. Quando me agridem me sinto à vontade para retrucar e , modéstia à parte, sou bastante treinado em debates. No blog as pessoas escrevem como se nunca houvesse havido Freud e não dissessem mais nas entrelinhas do que no aparente discurso bem comportado que emitem. E , por fim, sempro sou tentado a lembrar de Norbert wiener e sua teoria da Informação. Em um ambiente em que todos concordam não existe informação. è o ambiente que impera a estase. Em uma cidade pequena , sem nada de pejorativo já que nasci nessa cidade, é mais provável que por uma série de questões as pessoas tenham medo de divergir e tudo acaba em um marasmo criativo. As manifestações culturais só são ricas em um ambiente diverso, complexo (vou insistir nesse termo que me é tão caro). E a discussão se resume a uma torcida do fla X flu. "vamos dar força à amiga", quem é esse "pretensioso" que quer acabar com a paz da nossa tribo?
E vamos esperar a próxima letra do Cazuza que afinal de contas estou começando a achar superestimado. Daqui à pouco ele vai virar hino nas missas católicas "mudernas".
Um abraço
Maurício Tavoraz, imagino se o seu conterrâneo católico não mandasse suas mensagens cifradas em subterfúgios musicais, seria sangrado na praça principal da cidadela querida por ambos?...ou é como se fosse o que está acontecendo...e não é um espetáculo que eu pagaria ingresso pra ver. Bem, mas de graça até injeção na testa.
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