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segunda-feira, 2 de março de 2009

A corrupção ainda causa indignação?

A bombástica entrevista concedida à "Veja" pelo senador Jarbas Vasconcelos não foi de tudo em vão. Amanhã, dia 3, será criada a "Frente Parlamentar de Combate à Corrupção". Liderada pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) a Frente reunirá entre 15 a 20 parlamentares do total de 594 existentes na Câmara e Senado. Mas já é alguma coisa para uma população anestesiada... Para quem não acompanha como anda as "roubalheiras" na República. leia abaixo um texto do jornalista Josias de Sousa, publicado na "Folha de S. Paulo":

Diretor do Senado "esconde" casa de 5 milhões




Num país como o Brasil, a pessoa que chega à vida madura com dinheiro para encher a geladeira é considerada uma vitoriosa. Se a geladeira recheada está assentada sob teto próprio, aí o caso já não será apenas de simples vitória, mas de êxito retumbante.

Agaciel Maia, o diretor-geral do Senado, é um desses brasileiros cujo sucesso retumba. Não mora numa casa qualquer. Não, não. Absolutamente. Agaciel se recolhe numa residência às margens do Paranoá, em Brasília. Coisa de R$ 5 milhões. Mede 960 metros quadrados. Tem três andares, cinco suítes, salão de jogos......A piscina tem os contornos de uma taça. Há campo de futebol e píer para barcos e lanchas. Uma beleza.

Deve-se aos repórteres Leonardo Souza e Adriano Ceolin uma descoberta incômoda. A casa de Agaciel não está no nome de Agaciel. No papel, pertence ao deputado João Maia (PR-RN). O diabo é que o parlamentar não incluiu o imóvel na declaração de bens que enviou à Justiça Eleitoral e ao fisco.Confrontados com o mistério, os repórteres foram ao diretor-geral do Senado. E Agaciel:

"Eu comprei, mas não podia pôr no meu nome porque eu estava com os bens indisponíveis...”

“...Então, na época, em vez de comprar no meu nome, eu comprei no nome do João".

A época a que se refere Agaciel é o ano de 1996. A transação imobiliária foi sacramentada por meio de um contrato particular de compra e venda. Foi a maneira que Agaciel encontrou para esconder do Judiciário a posse do imóvel. Tinha contra si uma sentença de indisponibilidade dos bens. Por quê? Numa época em que dirigia a gráfica do Senado, Agaciel permitira que quatro políticos imprimissem material de campanha às expensas da Viúva. Sob Agaciel, as prensas do Senado rodaram peças de propaganda de Humberto Lucena e de três políticos do grupo de José Sarney: Roseana Sarney, Edison Lobão e Alexandre Costa.

Entre 1999 e 2000, Agaciel logrou derrubar na Justiça a indisponibilidade de seus bens.
Só dois anos depois, em 2002, a compra da casa de R$ 5 milhões foi aos livros do cartório de imóveis da Capital. Ainda em nome de João Maia, contudo. Se já não havia o óbice jurídico, por que diabos Agaciel não empurrou o imóvel para dentro de seu patrimônio formal? Mistério. O servidor do Senado alega que, a despeito da intermediação do irmão, sempre manteve a Receita a par da existência da casa. Porém...

Porém, Agaciel só exibiu aos repórteres a declaração de bens de 2001, primeiro ano depois da suspensão da indisponibilidade judicial. Agaciel tornou-se funcionário do Senado no final da década de 70. Foi à folha de pagamento como datilógrafo. Já lá se vão quase quatro décadas. Em 1995, sob a primeira presidência de José Sarney, Agaciel foi promovido de diretor da gráfica a diretor-geral. Ocupa o cargo, no pico da hierarquia, há 14 anos.

Agaciel suou frio no mês passado. Um dos compromissos de campanha de Tião Viana (PT-AC) era o de levar a cabeça do diretor-geral à bandeja. Mas Sarney prevaleceu sobre Tião na disputa. E a cabeça de Agaciel, ainda sobre o pescoço, paira sobre um orçamento de R$ 2,7 bilhões.
Pela mesa de Agaciel passam todas as despesas do Senado. Tomado pela destreza com que gere o próprio patrimônio, o diretor-geral há de administrar as verbas da Viúva com rara competência.
Escrito por Josias de Souza às 19h40

2 comentários:

Antonio Alves de Morais disse...

Amigo Armando.

Não sei se voce lembra, mas quando Sarney era presidente da Republica, O ministro do planejamento Anibal Teixeira e o Jorge Murad marido da Roseana, deram o maior estouro. Uma CPI chegou a ser criada e abortada por conta do proprinas para retirada de assinaturas etc. Desde este tempo que a corrupção graça sob os olhares do Saney e companhia, chegando ao ponta, do Senhor Fernando Sarney dizer: pai vamos afastar o Murad de nossas vidas se não ele vai nos destruir. Essa declaração foi por ocasião da apreenção do dinheiro no escritoria do Murad que pelo menos rendeu a desistencia de Roseana de levar a diante sua candidatura. O Fernando Saney agora está enrrolado pela policia federal. O poder é muito grande O PMDB já afastou o governador da Paraiba e vai afastar o do Maranhão. A decepção em tudo isto é que o Lula dizia acabar com certas praticas e costumes na politica e hoje se iguala ao que de pior existe. Brizola disse um dia que o Lula seria capaz de pizar no pescoço da propria mae para ser presidente da republica, eu digo mais, juntando a Sarney, Renan, Romero, Jader e a cambada do PMDB ele está pisando no pescoço de sua historia.

Armando Rafael disse...

Morais:
Na entrevista à "Veja" Jarbas Vasconcelos disse que Sarney iria transformar o Senado da República num grande Maranhão. Jarbas tem razão...