TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 14 de março de 2009

Desarranjo

Quero ver sua veia aberta cintilante.
Quero olhar dentro da sua alma.

O abismo sempre fez parte dos meus tornozelos -
A cada passo.

O anjo decaído indiferente à minha sorte
nunca me viu de perto.

Aprendi a desabar com cautela -
A cada vício.

Mesmo que não houvesse mais volta.
Mesmo que soubesse do fim.

Meus tornozelos aprenderam a conhecer os abismos -
A cada sonho.

Quero ver sua cara cínica desviar do poste.
Quero olhar dentro do seu ventre.

Aquele bar fechado.
Aqueles aviões dispersos com as mãos nos bolsos.

Compro a polpa de fruta,
dou as costas.

Não tenho um pé de jenipapo
no meu jardim.

Um comentário:

Carlos Rafael Dias disse...

Poeta,

Você tem um pé-de-sonho
No jardim sempre aberto
e florido de sua poesia