TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 4 de abril de 2009

Conversa de Sábado com o Senador Tasso Jereissati

A rigor um jatinho não é algo mais individualista que um automóvel. Todos os dias vemos pessoas com seu espaço multiplicado por dezenas de vezes, contribuindo para o aquecimento global, sozinhas nos engarrafamentos das cidades. Mas onde o jatinho se diferencia destes “culpados” do transporte individual? É na escala em que um jatinho se torna realidade: milhões de dólares. Retirados do caixa das empresas, retirados do ambiente social, desviados de outras prioridades, apenas para por nos céus aqueles que já estão tão próximos de Deus que se confundem com Ele.

Só para título de exemplificação e de sustentação do argumento. Uma das referências negativas dos jatinhos ocorreu com os executivos das montadoras americanas de pires na mão dirigido ao governo (ao dinheiro do povo americano). Os tais executivos receberam uma reprimenda da imprensa por terem ido a Washington nos jatinhos da empresa. Como bons atores, na segunda vez tiveram o cuidado de virem em carros das próprias montadoras.

Retornando ao primeiro parágrafo. É na escala de “altitude” que o jatinho vira problema. Como aquele que transportou a sogra do Governador Cid Gomes. E como este do Senador Tasso. Claro que podem incluir até o Number 1 de Obama ou o Aerolula. Estamos entendidos? Este é um dado líquido e certo do Jatinho dos senadores. Mas tem outro “jatinho” dentro do jatinho.

É esta arrogância de que eu posso, eu fui escolhido, eu sou o maior e o melhor. Isso a cultura moderna, de natureza individual, com consciência da ambiência coletiva não aceita. Somos todos iguais em tudo. Até mesmo o liberalismo anda a rigor nesta lógica ao propagar que é o regime das oportunidades para todos. Então quando tratamos da arrogância, estamos falando de um fundo ideológico que nem liberal o é (embora existam controvérsias), pois é pura oligarquia, por direito de herança ou por direito divino.

E infelizmente para nós cearenses, para este do mundo real que teve em Tasso Jereissati uma referência de liderança desde os anos oitenta, ficamos juntamente muito ruins na foto do senador. A visão “política” do sul maravilha é que os nordestinos são desfibrados, vergam suas costas ao peso do coronelismo. Seria uma fala, um discurso, mesmo que tivesse de enfrentar as questões internas do senado, mas Tasso não poderia ter dito o que disse, ao se defender dos jatinhos fretados com verbas do senado.

Ficamos todos, quem acompanha ou é adversário do senador, decepcionados com aquelas frases que pagaria em dobro o dinheiro de uma possível conduta ilegal. Aí o Tasso deixou a todos de calça arriada, só ele tem salvação, inclusive da justiça ao cometer eventuais desvios. É o vezo do cachimbo: compra com dinheiro o “perdão”. E nós? Vamos pagar pena no Paulo Sarasate?

Por vezes até me sinto maior do que a própria estatura ao ouvir coisas como essa. Esta história não é parecida com aquela do segundo habeas corpus do Ministro Gilmar Mendes a favor do banqueiro Daniel Dantas, quando na mesma época permanecia preso o punguista que tentou roubar-lhe um cordão de ouro na beira mar de Fortaleza?

Um comentário:

jose nilton mariano saraiva disse...

Zé do Vale,
Pego com a mão na botija, o moralista, incorruptível e sério (???) Senador Tasso Jereissati quebrou a cara ao sugerir que poderia pagar/devolver em dobro para que esqueçamos o "crimezinho" por ele cometido
(prova de que é rico).
Também aquela outra, de que o que o Senado lhe paga dá é prejuizo, é risível, hilária; não pelo nababesco salário recebido (que para ele não é muito, mas que nós jamais conseguiremos um igual), mas, sim, pelo tráfico de infuência, pelas facilidades que tem, pelas informações privilegiadas que dispõe (não é sem razão que o cara, ou sua família, hoje é dono da metade do Brasil).
Portanto, tem uma certa lógica o comentário abaixo.
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FRETOU O AVIÃO DO AMIGUINHO
O senador Tasso Jereissati é um desses tipos que não dá para entender e nem engolir.
Se aqui em São Paulo temos o Maluf com U$ 22 milhões presos em Jersey, o Ceará tem os Jereissati como vergonha estadual. E pior que no caso dos cearenses é uma família inteira, eles são tantos e com tantos braços que fica difícil saber qual é o pior. Na família do Maluf os filhos pelo menos são uns quase-nulos, nunca aparecem e ainda têm umas ex-esposas peruas que ficam cutucando tudo. Aliás, ex-esposas sempre foi a fraqueza que assombrou o clã Maluf, é só lembrar da ex-Pitta.
Se há uma coisa que realmente desqualifica o PSDB como partido integro é a presença desse clã cearense. Eles pintam e bordam e nunca acontece nada com eles. Eles têm gente em todas as funções e em todos os lados.
Daqui alguns dias alguém ainda vai descobrir que esse dinheirão que ele gastou fretando jatinhos era de uma empresa ligada a algum partidário dele, se é que ele não fretou o próprio jato ! E ninguém iria achar estranho.
Ele justifica que teve que fretar os jatinhos porque o jato dele não estava disponível.
Dá para acreditar? Onde estava o jato dele? É muito óbvio: um outro senador freta o dele e ele freta de outro senador. Assim, os custos do jato ficam por conta do senado.
Isso é uma jogada que vários proprietários de jatos têm. Eles alugam o próprio jato para cobrir os custos, mas na verdade eles mesmos usam.
É como se eu pedisse para a Folha alugar um carro para mim e, na verdade, eu alugasse o carro do meu irmão e deixasse meu carro com ele - e depois só justificaria que meu carro não estava disponível.
Será que é possível chegar ao senado sem ser ardiloso ou cheio de truques ? Parece que não. É como fazer doutorado: não dá para fazer doutorado sem falar pelo menos uma língua estrangeira, de preferência duas. No senado é a mesma coisa : você precisa saber meter a mão em 1 milhão fluentemente; e já que sabe meter a mão em 1 milhão, vai saber meter a mão em vários milhões.

Escrito por Duilio Ferronato às 12h54
4:19 PM

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jose nilton mariano saraiva disse...
Zé do Vale,
Veja só como funciona a coisa: Byron Queiroz, o afilhado queridinho do Tasso, fez o que fez no BNB (o rombo, comprovado, atingiu de 7,5 bilhões de reais, além de um infindável série de arbitrariedades), foi condenado a 13 anos de prisão e teve os bens bloqueados por um juiz federal aqui do Ceará.
Pois bem, conseguiram levar o caso para o Tribunal Regional Federal, no Recife, e após o julgamento Byron Queiroz e toda a sua quadrilha foi inocentado por unanimidade, anulando-se a decisão anterior.
Com relação especificamente ao senhor Tasso Jereissati, foi hilária sua defesa: o Senado, prá ele, dá é prejuízo; está alí por amor à causa pública.
Preferiu nada comentar sobre o tráfico de influência, as informações privilegiadas e as facilidades concedidas a quem lá se encontra.
Tanto que, mesmo tendo prejuízo (como afirma) concorrerá à reeleição.
Largar o osso ??? Nem pensar !!!