Zezinho é meu velho conhecido. Esquerdista assumido, ele, no entanto, não é daqueles que fica agredindo quem pensa diferente de suas idéias. Sempre que encontra os velhos conhecidos gosta de expor o velho ideário. Mas de forma equilibrada, serena, cordial... Encontrei-o hoje, pela manhã, no Café Crato, na Praça Siqueira Campos. Desta vez não veio com os surrados elogios a Lula. Apenas me cutucou, perguntando se eu estava a par da disputa entre a Justiça brasileira e a norte-americana envolvendo a guarda de um menino de 8 anos, de pai norte-americano e mãe brasileira.
Para quem não conhece o caso, faço um resumo.
Para quem não conhece o caso, faço um resumo.
O norte-americano David Goldman tenta recuperar o filho desde 2004, quando a esposa – a brasileira Bruna Bianchi – viajou, com o único filho, ainda um bebê, para o Rio de Janeiro durante uma visita aos pais. E não voltou mais para junto do marido. No regresso ao Brasil, Bruna conheceu outro homem. Pediu divórcio do norte-americano e casou com o novo namorado brasileiro. Em agosto do ano passado ela morreu dando à luz a primeira filha com o novo marido. O garoto – nascido no primeiro casamento – ficou com o padrasto. O pai biológico, David Goldman, pediu a guarda do filho. O padrasto negou. E aí a coisa foi parar na Justiça. Aguarda-se o julgamento do caso.
Zezinho é enfático: “O menino tem que ficar no Brasil. Voltar para os Estados Unidos só porque o pai, a quem praticamente não conhece, está pedindo? Não faz o menor sentido”.
E aí, dirigindo-se a mim, fez a pergunta inevitável: E você o que acha?
Lembrei a Zezinho que há dez anos tivemos um caso semelhante. Envolveu um garoto cubano, Elián. Naquela época Zezinho defendeu radicalmente a volta de Elián para o pai que permaneceu em Cuba. Infelizmente o povo brasileiro tem memória curta e sou obrigado a relembrar este último fato.
Elisabet Brotons, 29 anos, era uma mulher corajosa! Para se libertar da tirania da ditadura de Fidel Castro, não hesitou em se juntar a um grupo de cubanos e se lançar à imensidão do mar, num frágil barco improvisado, em busca de Miami. Essas fugas são corriqueiras na ilha-prisão. De cada 10 cubanos 2 já fugiram. Antecede à fuga dias de incerteza, ansiedade e medo. Na data escolhida homens, mulheres e crianças, aproveitando a escuridão da noite, fogem em busca da liberdade, de alimentos e, sobretudo, da esperança de uma vida com dignidade.
Zezinho é enfático: “O menino tem que ficar no Brasil. Voltar para os Estados Unidos só porque o pai, a quem praticamente não conhece, está pedindo? Não faz o menor sentido”.
E aí, dirigindo-se a mim, fez a pergunta inevitável: E você o que acha?
Lembrei a Zezinho que há dez anos tivemos um caso semelhante. Envolveu um garoto cubano, Elián. Naquela época Zezinho defendeu radicalmente a volta de Elián para o pai que permaneceu em Cuba. Infelizmente o povo brasileiro tem memória curta e sou obrigado a relembrar este último fato.
Elisabet Brotons, 29 anos, era uma mulher corajosa! Para se libertar da tirania da ditadura de Fidel Castro, não hesitou em se juntar a um grupo de cubanos e se lançar à imensidão do mar, num frágil barco improvisado, em busca de Miami. Essas fugas são corriqueiras na ilha-prisão. De cada 10 cubanos 2 já fugiram. Antecede à fuga dias de incerteza, ansiedade e medo. Na data escolhida homens, mulheres e crianças, aproveitando a escuridão da noite, fogem em busca da liberdade, de alimentos e, sobretudo, da esperança de uma vida com dignidade.
Muitos conseguem. Alguns ficam sepultados no oceano... Elisabet fugiu de Cuba no dia 21 de novembro de 1999. Levou consigo o filho Elián de apenas 6 anos. No traiçoeiro Estreito da Flórida o barco que a levava afundou. Dos 15 fugitivos 12 morreram na hora, incluindo Elisabet. Antes de morrer, porém, pegou uma câmara de ar e disse a filho que se agarrasse ao objeto. No dia 25 de novembro, dois dias após o naufrágio, Elián foi encontrado por pescadores. Golfinhos rodeavam a câmara de ar defendendo o garoto dos tubarões. Ocorrera um milagre!
Elián foi acolhido por tios e demais parentes exilados em Miami. Mas o pai do menino – que era divorciado da Elisabet – exigiu o retorno de Elián. Fidel Castro, caviloso e teatral, aproveitou o episódio para desviar a atenção internacional para a penúria da população cubana. Ordenou ao pai de Elián para protestar contra a permanência do filho nos Estados Unidos. Esse pai já não cuidava de Elián, pois havia abandonado Elisabet e se juntado a outra mulher. Sequer pagava a pensão obrigatória do filho. Mas era filiado ao Partido Comunista Cubano, e, por isso, burlava as "leis" e gozava das benesses da ditadura. Obediente, o pai relapso cumpriu as determinações do títere cubano.
Estava montado o teatro! Fidel Castro financiou passeatas em Cuba pedindo a volta de Elián. A mídia, sempre generosa, deu ampla cobertura à ditadura cubana. Finalmente, a Justiça norte-americana deu ganho de causa ao pai de Elián. O garoto foi devolvido ao pai biológico.
Foi minha vez de perguntar a Zezinho: "Existe diferença entre os dois casos?"
Ele não respondeu. Engoliu rápido o café. Disse que tinha esquecido de sacar o dinheiro no Banco de frente e apressado saiu. Desta vez nem se despediu...
Foi minha vez de perguntar a Zezinho: "Existe diferença entre os dois casos?"
Ele não respondeu. Engoliu rápido o café. Disse que tinha esquecido de sacar o dinheiro no Banco de frente e apressado saiu. Desta vez nem se despediu...
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