TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 20 de maio de 2009

"1/125"

I

De chocar-se com seus olhos
como se houvesse chovido de manhã
e no vôo do pássaro o sol pousado sua luz

Num relance os meus olhos
já não têm outra saída
senão por um só instante
transmutar-se nesse pássaro
onde o sol pousou sua luz

II

Plantei as sementes do dia
mas o dia não deu,
o chão de cimento
abriu sua boca de infertilidade,
o dia se fez puro esquecimento

Não tivesse você cruzado a rua,
não houvessem os olhos o azar
de tropeçar no brilho que se fez à frente,
não haveria chuva nem sol,
nem pássaro preso à imagem
desse dia, embrião na memória

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