O momento seria este.
Esqueceria todas as antigas farsas -
o pulso riscado,
o aneurisma incubado,
a próstata ainda latente.
O momento apropriado
para a morte definitiva
seria este.
A escolher -
álcool, baques, cachimbo de alumínio.
Cadafalso prometido,
overdose tão sonhada.
Então o que faço?
Entro no casulo,
meto-me debaixo do casco de tartaruga,
divido com os ursos a tepidez da caverna.
Este é o momento da morte verídica
em que a dor de cabeça é legítima
e o vazio transparente -
Mas o poeta tolo que sou
foge com medo do corredor escuro.
"Lá no final só tem uma cadeira de balanço."
Encoraja-me o fantasma.
Nada digo,
a voz não levanto,
não prometo coisa alguma.
Continuo com os olhos esquecidos
dentro de uma alma míope.
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