Com fotografias, manuscritos e mais de uma centena de entrevistas, o jornalista Carlos Marcelo reconstitui a juventude de Renato Manfredini Júnior em Renato Russo - O Filho da Revolução, que tem lançamento hoje
Por Alinne Rodrigues (O Povo)
O ano era 1970, governo Médici e Copa do Mundo de Futebol. Brasília completava 10 anos. Com a mesma idade, no Rio de Janeiro, o menino Renato Manfredini Júnior acompanhava as partidas com empolgação. Na escola, arriscava-se nos comentários: "O jôgo de hoje, foi sensacional. Péle, no nonagéssimo-quarto minuto, (um minuto para acabar o jôgo), fêz um gôl e por um triz não faz outro", escreveu sobre Brasil versus "Uruguay". Dali a três anos, ele se mudaria para a nova capital do País, se debruçaria sobre livros e discos de rock internacional e se tornaria o líder de um dos grupos mais bem-sucedidos da música brasileira, o Legião Urbana.
Falecido em 1996, Renato Russo teve sua história contada e recontada pelos mais diversos vieses: o início da carreira em 1978, com o Aborto Elétrico, o sucesso ao lado de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá a partir de 1982, a homossexualidade, a aids. Mas, antes de ser Russo, Renato foi Júnior, um garoto comum que fazia inglês e tinha amigos na vizinhança. As pessoas que o cercaram, as vivências que ele teve, a família, tudo contribuiu para a formação do ídolo e do mito do BRock.
Foi juntando as peças do imenso quebra-cabeças da juventude de Renato Russo que o jornalista paraibano radicado em Brasília Carlos Marcelo resgatou boa parte dessas memórias. Depois de mais de 100 entrevistas e nove anos de trabalho, ele reconstrói o período de 1973 a 1988 da vida do cantor no livro Renato Russo - O filho da revolução, que tem lançamento hoje, às 19 horas, na Saraiva.
"O livro tenta iluminar um período menos conhecido, o de antes da fama, quando ele vivia em Brasília e sequer tinha montado a banda; tenta reconstituir em detalhes um período muito intenso da vida dele, em que ele experimentou diversas formas de expressão: estreia como ator no teatro, escreve um texto de dramaturgia que nunca foi publicado, poemas. É a reconstituição de um Renato não-roqueiro, e, ao mesmo tempo, da formação de um jovem brasileiro daquela época``, define o autor. ``É o Retrato do artista quando jovem", diz, comparando o objetivo de O Filho da Revolução à obra de James Joyce.
Mergulhando nas mais de 400 páginas do livro, o leitor delicia-se com fotos, poeminhas escritos à mão, rascunhos de roteiros de cinema e teatro, manuscritos de letras de canções, documentos da censura proibindo a veiculação de músicas da Legião... Foi entrevistando os anônimos que conviveram com Júnior que ele conseguiu juntar esses pedacinhos que agora são publicados: "Cada pessoa tinha uma recordação dele, na memória ou concreta. Um objeto dado de presente, um poema escrito à mão, uma foto antiga. No final da jornada, pedi autorização da família Manfredini para consultar os arquivos do Renato: manuscritos que eles mantêm guardados no apartamento dele, em Ipanema, com letras inéditas e material pessoal. Acho que os fãs vão curtir isso".
Mas não é só de imagens que Renato Russo - O filho da revolução é feito. Remexendo o passado do cantor, Carlos descobriu fatos curiosos, contados em uma prosa fluida. Para ele, a maior surpresa foi que Renato não subiu ao palco diante de um público pela primeira para cantar,. ``Ele tinha 18 anos e encenou um texto difícil, em inglês, e essa experiência o ajudou muito a vencer a timidez. Depois da estreia, a comemoração foi em uma casa de forró de Brasília``, comenta.
O autor também localizou uma entrevista de Renato Manfredini Júnior, talvez a primeira de sua vida, na saída do vestibular que ele fazia para comunicação na Universidade de Brasília. "Ele era vestibulando e falou na entrevista que a prova tinha sido fácil. A única dificuldade foi que haviam cobrado uma questão sobre José de Alencar. O mais engraçado é que, nessa prova tão fácil, ele não passou", ri.
SERVIÇO
RENATO RUSSO - O FILHO DA REVOLUÇÃO - Lançamento do livro (Editora Agir, 416 páginas. Preço médio: R$ 39,70) hoje, às 19 horas, na livraria Saraiva, shopping Iguatemi. A noite conta com sessão de autógrafos do autor, o jornalista Carlos Marcelo.
Por Alinne Rodrigues (O Povo)
O ano era 1970, governo Médici e Copa do Mundo de Futebol. Brasília completava 10 anos. Com a mesma idade, no Rio de Janeiro, o menino Renato Manfredini Júnior acompanhava as partidas com empolgação. Na escola, arriscava-se nos comentários: "O jôgo de hoje, foi sensacional. Péle, no nonagéssimo-quarto minuto, (um minuto para acabar o jôgo), fêz um gôl e por um triz não faz outro", escreveu sobre Brasil versus "Uruguay". Dali a três anos, ele se mudaria para a nova capital do País, se debruçaria sobre livros e discos de rock internacional e se tornaria o líder de um dos grupos mais bem-sucedidos da música brasileira, o Legião Urbana.
Falecido em 1996, Renato Russo teve sua história contada e recontada pelos mais diversos vieses: o início da carreira em 1978, com o Aborto Elétrico, o sucesso ao lado de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá a partir de 1982, a homossexualidade, a aids. Mas, antes de ser Russo, Renato foi Júnior, um garoto comum que fazia inglês e tinha amigos na vizinhança. As pessoas que o cercaram, as vivências que ele teve, a família, tudo contribuiu para a formação do ídolo e do mito do BRock.
Foi juntando as peças do imenso quebra-cabeças da juventude de Renato Russo que o jornalista paraibano radicado em Brasília Carlos Marcelo resgatou boa parte dessas memórias. Depois de mais de 100 entrevistas e nove anos de trabalho, ele reconstrói o período de 1973 a 1988 da vida do cantor no livro Renato Russo - O filho da revolução, que tem lançamento hoje, às 19 horas, na Saraiva.
"O livro tenta iluminar um período menos conhecido, o de antes da fama, quando ele vivia em Brasília e sequer tinha montado a banda; tenta reconstituir em detalhes um período muito intenso da vida dele, em que ele experimentou diversas formas de expressão: estreia como ator no teatro, escreve um texto de dramaturgia que nunca foi publicado, poemas. É a reconstituição de um Renato não-roqueiro, e, ao mesmo tempo, da formação de um jovem brasileiro daquela época``, define o autor. ``É o Retrato do artista quando jovem", diz, comparando o objetivo de O Filho da Revolução à obra de James Joyce.
Mergulhando nas mais de 400 páginas do livro, o leitor delicia-se com fotos, poeminhas escritos à mão, rascunhos de roteiros de cinema e teatro, manuscritos de letras de canções, documentos da censura proibindo a veiculação de músicas da Legião... Foi entrevistando os anônimos que conviveram com Júnior que ele conseguiu juntar esses pedacinhos que agora são publicados: "Cada pessoa tinha uma recordação dele, na memória ou concreta. Um objeto dado de presente, um poema escrito à mão, uma foto antiga. No final da jornada, pedi autorização da família Manfredini para consultar os arquivos do Renato: manuscritos que eles mantêm guardados no apartamento dele, em Ipanema, com letras inéditas e material pessoal. Acho que os fãs vão curtir isso".
Mas não é só de imagens que Renato Russo - O filho da revolução é feito. Remexendo o passado do cantor, Carlos descobriu fatos curiosos, contados em uma prosa fluida. Para ele, a maior surpresa foi que Renato não subiu ao palco diante de um público pela primeira para cantar,. ``Ele tinha 18 anos e encenou um texto difícil, em inglês, e essa experiência o ajudou muito a vencer a timidez. Depois da estreia, a comemoração foi em uma casa de forró de Brasília``, comenta.
O autor também localizou uma entrevista de Renato Manfredini Júnior, talvez a primeira de sua vida, na saída do vestibular que ele fazia para comunicação na Universidade de Brasília. "Ele era vestibulando e falou na entrevista que a prova tinha sido fácil. A única dificuldade foi que haviam cobrado uma questão sobre José de Alencar. O mais engraçado é que, nessa prova tão fácil, ele não passou", ri.
SERVIÇO
RENATO RUSSO - O FILHO DA REVOLUÇÃO - Lançamento do livro (Editora Agir, 416 páginas. Preço médio: R$ 39,70) hoje, às 19 horas, na livraria Saraiva, shopping Iguatemi. A noite conta com sessão de autógrafos do autor, o jornalista Carlos Marcelo.
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