TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 6 de julho de 2010

Lençol Bege

Tenho medo de esquecer o caminho de casa.
Tenho medo de não saber mais voltar.

Esquecer o nome da minha mãe
e da minha irmã.

Ficar com os olhos entreabertos
e aquele risinho patético no canto.

Não quero mansidão.
Eu quero é confusão mental.

Lembro-me sempre sozinho com minhas vozes.
Desde criança no quintal.
Adolescente na cela.

A estas vozes devo o que sou:
um fantasma delicado.

Tenho medo da minha delicadeza.
De esquecer de chorar e de odiar certas pessoas.

Tenho medo de morrer dormindo.
Não tenho medo da morte.

Tenho ainda mais medo de esquecer o caminho de casa.
Esquecer os rostos da minha mãe e da minha irmã.
As mais próximas e bondosas.

Por enquanto me arrumo como posso.
Pensando.

3 comentários:

joão alberto lupin disse...

TOCANTE!!!!!!!!!

Domingos Barroso disse...

Lupin, vê se a gente entra em contato. Aqui em Fortaleza beber algo. Trocar ideias.

Forte abraço.

joão alberto lupin disse...

domingos, a ideia é boa. o problema é que me tornei, com os anos, num ermitão. vivo enclausurado entre papéis. minha vida social é zero. ainda assim, fico-lhe grato pelo convite.