TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 18 de março de 2012

Zé Nilton fala de Salatiel




Luiz Carlos Salatiel é um dos mais importantes, atuantes e influentes artistas do cenário cultural cearense. Nado e criado no Cariri cearense, é desse solo, onde estão fincadas suas raízes familiares e culturais, que ele cria, recria, inova, revigora e vanguardiza sua arte extraída das entranhas multiculturais do povo cariri.

Cantor, compositor, ator de teatro e cinema, poeta, comunicador, militante e produtor cultural desde os anos de 1970, fazendo ainda incursões esporádicas no campo das artes plásticas e gráficas.

Iniciou sua carreira artística já no final dos anos de 1960 como “crooner” da banda de baile The Hunters, de Juazeiro do Norte.

Viveu intensamente os anos sessenta e setenta, antenado nas revoluções musicais (ouvia Beatles, Rollingstone, Jimmy Hendrix, Jane Joplin, Luiz Gonzaga e iniciou o gosto pela música cubana e caribenha... acompanhou daqui os ecos do Festival de Woodstock), feminina ( fazia eco aos revolucionários apelos de Bette Friedman em favor da libertação da mulher), estudantil ( maio de 1968 na Europa e seus desdobramentos no Brasil e no mundo) e, principalmente, foi um fiel admirador da contracultura hippie.

Achamos mesmo que Luiz Salatiel encarnou todas as determinações que criaram um novo mundo e suas múltiplas tendências, pela permanência dos fartos cabelos e barba, sem falar no modo de se vestir, sempre solto e descompromissado, que muito o destaca na seara humana e cultural desses Cariris.

Ao longo da década de 1970, Luiz Carlos Salatiel desponta, enfim, para toda região, como vencedor de vários festivais da canção, que aconteceram em Crato. Simultaneamente, participou do Grupo de Artes “Por Exemplo”, ao lado de Rosemberg Cariry, Cleivan Paiva, Jackson Bantim, Jefferson Júnior e outros, movimento cultural que sacudiu a cena local com a publicação de antologias de poesia e conto. O ponto alto de sua inquietação cultural foi a promoção do histórico Salão de Outubro. Esse acontecimento chamou a atenção do mundo cearense e selou o Crato como “capital da cultura”.

Ainda na década de 1970, participou como cinegrafista e produtor de vários projetos cinematográficos realizados na região, a exemplo de um documentário sobre Patativa do Assaré. Como ator, em 1992, fez papel de destaque no Filme “Corisco e Dadá”, do premiado cineasta caririense Rosenberg Cariry.

Obrigado a migrar para outros centros urbanos, como Recife, Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro,- Salatiel, não obstante, sempre se manteve conectado com o que acontecia no Cariri. No final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980, foi um dos fundadores e principais colaboradores do jornal Nação Cariri, que além de editar o referido periódico, editou discos, filmes e livros, e promoveu diversos eventos artísticos de integração dos artistas do Cariri com artistas de outras regiões.

Retornando ao Cariri, em meados dos anos de 1980, Salatiel integrou-se de corpo e alma ao movimento cultural que se desenvolveu em torno do Jornal Folha de Piqui. Apresentou o hoje lendário programa radiofônico Terra Brasilis e fundou a OCA - Officinas de Cultura e Artes & Produtos Derivados – responsável dentre outras realizações, pela gravação e edição de Avallon, primeiro disco do cantor e compositor cratense Abidoral Jamacaru.

Nos últimos vinte anos, Salatiel mantém-se incansável na sua militância cultural, mas com o diferencial de ter retornado aos palcos, atuando em eventos musicais e teatrais, a exemplo dos shows “Soy Loco por ti América Latina” e “Contemporâneo.” Eeste último tendo como base o repertório do disco homônimo que lançou em meados desta década.

Este homem de muitas faces e produto de muitas fazes é um exemplo de generosidade e de desprendimento. Debaixo dos caracóis de seus cabelos há uma cabeça voltada para viver a vida, mas, com responsabilidade. Foi, por muitos anos, um exemplo de servidor público, exercendo destacadas funções no Banco do Brasil.

5 comentários:

LUIZ CARLOS SALATIEL disse...

Eu estava mesmo precisando de um carinho fraternal de um desses muitos amigos que estão sempre bem guardados no meu coração.

Zé NIlton disse...

Mestre anjo Rafael
Me botou para falar
Do grande Salatiel
Gostei muito, Rafael.
E Luís é São Luís
Como eu sou São José.
Somos três seres de luz?...

jflavio disse...

Zé Nilton buscou resumir em algumas linhas um dos maiores nomes da Cultura no Cariri. E fê-lo com aquele preciosismo que lhe é peculiar. Salatiel é um ícone. Toda uma vida dedicada religiosamente à Arte nas suas mais variadas facetas : Teatro, Poesia, Música, Cinema, Plásticas, Literatura.Assumiu isso como um sacerdócio, uma predestinação quase que profética. Trabalha pelo tesão, por simples prazer estético. A arte que entre nós tem tantos e tantos missionários, em Salatiel tem a sua Carmelita Descalça. Para mim, Salatiel é a mais importante personagem das artes no Cariri nos últimos cinquenta anos.

jflavio disse...

Zé Nilton buscou resumir em algumas linhas um dos maiores nomes da Cultura no Cariri. E fê-lo com aquele preciosismo que lhe é peculiar. Salatiel é um ícone. Toda uma vida dedicada religiosamente à Arte nas suas mais variadas facetas : Teatro, Poesia, Música, Cinema, Plásticas, Literatura.Assumiu isso como um sacerdócio, uma predestinação quase que profética. Trabalha pelo tesão, por simples prazer estético. A arte que entre nós tem tantos e tantos missionários, em Salatiel tem a sua Carmelita Descalça. Para mim, Salatiel é a mais importante personagem das artes no Cariri nos últimos cinquenta anos.

Carlos Rafael Dias disse...

Eu sou suspeito pra comentar qualquer coisa, pois Salatiel é como um "irmão mais velho" pra m mim.