Certo que nesta aridez,
Existem notas, si, bemóis,
Grânulos múltiplos qual arco-íris,
Um rasgo que junta identidades,
A solda que diferencia as partes.
Certo que na seiva revelam-se,
Os corpos inertes dos cristais,
Insetos na película sólida da água,
Membranas unindo nadadeiras de patos,
O suor que revela o reservatório interior.
Certo que uma pedra é pó,
Mas na combustão do âmago da terra,
Os sólidos são líquidos de pura pressão,
Tais temperaturas ao ar livre da crosta,
Em gases evolar-se-iam.
Como certo é o talvez,
Ainda mais incerto se curvo,
Sobretudo se reto é certo,
Certo é que de incertezas,
E certezas feito bússolas,
Nossa natureza é árida e fértil.
Este grande desejo de perpetuar-se,
Teria que deter um modelo,
Uma fôrma que confirma,
Que é da mesma natureza,
Qualquer ponto do arco do tempo.
E como seiva das pedras,
Meu amor a tem como molde,
Da remissão dos meus pecados,
Da subtração de excessos materiais,
E da edição de partículas ausentes,
Que me totalizam as deficiências essenciais.
E profundo como a natureza do pênis,
Saber ouvir o canto das sereias,
Mais que Joyce, Glauber ou uma Polifonia,
Encontra-se a finitude da eternidade,
Do infinito que resulta da soma de finitos,
Nós e estas nossas mulheres amadas.
Certo que Paris não incendiou-se
mas Hitler suicidou-se.
Tu vives pois me lês
E eu nem certo,
que ainda sou,
enquanto me lês.
Mesmo assim vivo em ti.
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