TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 27 de outubro de 2007

"O AMOR nos tempos do MESSENGER "


Em dez minutos, pronto, você está lá na maior das intimidades com o cara. Tudo aquilo que demorava dias, meses, com cartas ou flertes da vida real, virou coisa de segundos nesse outro plano. É o amor nos tempos do MSN, o Messenger, o amor nos tempos do Orkut, chats, comunidades e tantas outras geringonças. Tudo muito rápido, espécie de miojo sentimental, emoções baratas. Você nem carece pegar na mão, já vai direto para cama, pra detrás da moita mais platônica. Não carece nem cantar Paulindo da Viola, olá como vai, quanto tempo, pois é, quanto tempo...
E não é coisa apenas desses moços, pobres moços. Minha amiga K., por exempol, 55 anos, Madame Bovary dos tempos digitais, tem quatro amantes "fixos" virtuais, além do marido de carne, osso e ronco, como diz. "Vou deixar um deles, pois não tem comparecido a contento", solta a blague. Todos jovens, quase donzelos. Antes bastava ficar de olho na chegada do carteiro, o homem de amarelo, com seu embornal de boas novas ou lágrimas...
Amor e tecnologia, um falso abraço. No princípio era apenas o bina, e matou o velho mistério do telefonema mudo e anônimo. Ofegante, a criatura, apaixonada, ligava só para ouvir a voz do obscuro objeto de desejo do outro lado da linha. Ou mandava uma música do Rei: "Vou cavalgar por toda noite, numa estrada colorida...
Depois chegou a telefonia móvel. Uma revolução crônica de costumes. O fim de muitas desculpas canalhas. Outra alvissareira função do celular é fugir dos mal-assombros sentimentais. Você quer ir numa festa e sabe que aquele infeliz pode estar lá, nos braços de uma "vagabunda" qualquer. Uma ligação e pronto, o amigo dá o serviço das assombrações. Pena que o aparelho também mate as surpresas. O amor nos tempos do MSN. E a questão já está ficando velha, decifra-me ou te deleto: como transformar uma tara platônica em uma transa homérica ?
Xico Sá, é ombudsman informal da mulher e da luta contra a falta de educação sentimental dos marmanjos.
obs: escreveu a matéria em 2005 e nessa época, eu descobri que o jornalista tinha orkut. Postei um scrap para o mesmo, ele carinhosamente me respondeu. Sou sua fã.

5 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

Xico Sá é cratense, jornalista. Trabalhou um bom tempo no jornal Folha de S. Paulo. É autor de um livro sobre o Beato José Lourenço, um dos títulos da coleção Terra Bárbara, das Edições Demócrito Rocha. Conheci Xico Sá, ainda quando ele estudava jornalismo, acho que em Recife, e lançou em uma edição do Salão de Outubro, seu livro de poesia Metaforânsia. Atualmente, mantém um acessadíssmo blog, cujo endereço é carapuceiro.zip.net.

Glória disse...

É isso mesmo Rafa. Ele me disse que era do Cariri. Ele escreve uma coluna na revista UMA da qual sou assinante. A matéria que postei no blog, foi editada na revista.

Dihelson Mendonça disse...

Com a facilidade que temos hoje do sexo REAL, até o sexo virtual está ficando para trás...

Aliás, o sexo como já dizia FREUD, é a mola mestra do mundo. Segundo Freud, todo o esforço da civiização é no sentido de fazer sexo melhor.

Freud não presenciou a internet para fazer suas análises, infelizmente...

Mas a indústria ganha muito com o sexo virtual. O MSN, e outros métodos de bate-papo praticmaente só se serve a essa função. Não meramente fazer amigos, mas como postado pelo autor do artigo, para levar a companheira virtual para a cama, realizando fantasias em frente à uma webcam, falando no microfone, ou escrevendo conversas picantes.

Muita gente detesta sexo virtual, mas certas pessoas que não possuem parceiros ou parceiras reais, vê nesse tipo de coisa a salvação da lavoura.

Nada pode ter de mal em manter esses contatos, essas conversas picantes, apenas acho que o problema reside quando as pessoas desistem da conviv~encia real em sociedade, para manter relacionamentos puramente virtuais, como a se esconder dos outros.

Já vivemos num mundo de fantasias. Porque construir mais ?

Abraços.

LUIZ CARLOS SALATIEL disse...

Glória e seus temas espertos!!

socorro moreira disse...

É como diz o Sá!


"Carangueijo só é peixe, na enchente da maré".
No começo era o verbo...navegávamos pra ouvir o canto das sereias.
Éramos pesca e pescador.
Laboratório das emoções- o mundo virtual!
Cada teclada, valia por um "bifinho".Quisera de volta a pureza da crença , que a gente pensa!
Sem dúvidas ,Dihelson, "viver é melhor que sonhar"...Mas, se o amor vive em qualquer plano, inclusive o geométrico,que ele seja, não necessariamente um triângulo, mas um binômio perfeito!