TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 6 de outubro de 2007


O que fazem os dias passados em minh’alma,
Sem ter ardido o sol em minha pele,
Sem os vapores da terra em meu corpo,
Sem o dardejar de ventos vindos das serras
Rebatidos pelos seios dos chapadões que motivam meus sonhos,
Para além do horizonte que desenha-se sobre meus olhos?
O que fazer sem os dias, sem as tardes que possa levitar como as folhas de outono?
O que fazer sem o hálito do mar, sem as rendas que se dispersam na praia e que muitos as chamam de ondas...
São nesses passos lentos que percorro meu caminho quando o sol põe-se a sangrar no final da tarde, tingindo a dor do final do dia e talvez lá também sangre minhas angústias e a saudade que tenho de ti...
Continuo a galopar entre os rios ao passo que o luar espia-me com um só olho.
O bradar em silêncio que cada árvore faz no meio dos vendavais envergar seus galhos ao sabor dos ventos como quem gesticula.
Assim prossigo em monólogo com as conchas e com tudo que possua uma olhar que vaze harmonia, como os teus que agora em repouso, em algum lugar devem sonhar...
Sonhar com as notas dispersas de alguma lira e o com voz metálica de algum poeta que possa descrever as paisagens verdes aos teus olhos cerrados pelo sono e pelo negror da madrugada.
Ao longo desses dias em que sonhas, percorro as trilhas que o poeta a descreve e, com sorte, talvez possa eu aparecer nos mesmos. Quem sabe no sangrar da tarde, no sabor das liras ou vibrar dos versos que um dia fiz a ti.

2 comentários:

LUIZ CARLOS SALATIEL disse...

Você vai longe, menino!

Anônimo disse...

Sempre apostei no seu talento!