Volto ao livro de Tad Szulc - Chopin em Paris -, não mais para abordar a vida deste genial compositor, mas para falar de um movimento que influenciou (e ainda influencia) a arte de modo geral: o Romantismo, que se caracteriza por defender a liberdade de criação e privilegiar a emoção. As obras de arte influenciadas pelo Romantismo valorizam o individualismo, o sofrimento amoroso, a religiosidade cristã, a natureza, os temas nacionais e o passado.
O Romantismo foi desenvolvido, no final do século dezoito, a partir da causa comum entre o gênio artístico e o senso histórico, transformando os artistas em militantes políticos e defensores do progresso, e fazendo com que os políticos se aliassem aos artistas. “Alguns dos movimentos filosóficos e políticos mais poderosos e duradouros – incluindo o comunismo – surgiram naquele período” – revela Szulc.
No capítulo três do referido livro, Szulc faz um brilhante apanhado da época em que o Romantismo intensificou-se na Europa, impulsionado pela Revolução de 1830, restauradora do regime monárquico francês, e responsável, ironicamente, pela consolidação da sociedade burguesa naquele país. Foi, ainda, sob a “Monarquia de Julho”, conforme ficou conhecido o reinado de Luís Felipe (o Duque de Orléans), que o Romantismo experimentou um crescimento glorioso nas artes e nas letras.
O romantismo arrebatou várias gerações de artistas e escritores dos quatro cantos da Europa na primeira metade do século dezenove. Inicialmente, seu impulso eletrizante surgiu na Inglaterra e na Alemanha para depois atingir a França, Itália e Espanha. Um dos ícones do Romantismo, o poeta inglês Lord Byron, autor de uma versão épica de Don Juan, tinha 36 anos quando morreu participando da guerra de independência da Grécia contra a Turquia, em 1826. Igualmente o alemão Goethe, autor de Fausto, mestre da poesia lírica e da tragédia romântica, e seu compatriota Schiller, engrossaram as fileiras do movimento.
“O espírito romântico na literatura levou os ares do Romantismo à música”, diz Szulc. Assim, Shakespeare (inglês), tido como patriarca do Romantismo, fez com que Mendelssohn (alemão), aos dezessete anos, compusesse uma belíssima abertura para Sonho de uma noite de verão. Chopin (polonês), tornou-se amigo íntimo do compositor alemão e juntos com Robert Schumann (alemão), Hector Berlioz (francês) e Liszt (Austro-Húngaro), formaram a segunda geração do Romantismo.
8 comentários:
Exatamente, Rafael, vejo que vc está gostando e se aprofundando na história bela de Paris no século XIX. Vendo essas biografias de Chopin, de Liszt e de mais alguns, a gente tem a sensação de ter vivido ( pelo menos eu gostaria ), naquela época, imagine as últimas novidades de Paris, ainda sem torre Eiffel ( que só seria inaugurada para a exposição mundial de 1889 ).
Uma época de beleza, de requinte, mas antes da "Belle Epoque", propriamente dita.
Uma biografia que definitivamente recomendo para leitura é a de LISZT do Derek Watson. Existe ela em português.
No caso de Chopin, veja a figura ímpar de George Sand, escritora, com quem Chopin manteve um caso. Chopin, com suas crises de tuberculose, George Sand teve a infeliz idéia de levá-lo até o mosteiro de Valdemosa em Palma de Maiorca, nas ilhas Baleares, região do mediterrâneo, para se recuperar, esperndo que o ar do campo o fizesse sentir-se melhor. Na verdade, os dias em Valdemosa foram alguns dos piores para Chopin, devido aos parcos recursos do local, e as crises com as filhas de George Sand que ela trouxe do outro casamento. Mas foi lá, naquele piano surrado que Chopin compôs os seus 24 prelúdios Opus 28, que os enviou para seu editor Fontana publicar.
...mas isso é uma longa e bela história. Filmes e mais filmes poderiam ser feitos sobre a incrível vida de Chopin ( e veja que Liszt escreveu a primeira biografia de Chopin, chamada exatamente de "A vida de Chopin" .
Mas que pena... tudo isso aconteceu ao nosso querido Chopin, para terminar ali na place Vendôme e no velho Père-Lachaise ... mas quem não gostaria de ir para o Père-Lachaise ??
Abraços.
Ah, e sem falar da Revolução de Fevereiro de 1848, em que se construíram barricadas novamente. Muitos artistas empunharam armas e foram para as barricadas de Paris.
Rafael, preciso falar contigo sobre a palestra de amanhã no Rotary Clube de Crato. Que horas será ?
A sede do Rotary ainda é ali no Grangeiro ?
Abraços.
Dihelson,
Vejo que além de Música, você também tem uma forte predileção por História. Desta forma, temos algo em comum, pois além de História, tenho uma forte predileção por Música.
Grato pela indicação da biografia de Liszt. No momento, estou "devorando" a biografia de Chopin, que adquiri juntamente com a biografia de Tchaikovski, escrita por Anthony Holden e que será minha próxima empreitada.
Sim, a sede do Rotary é no Parque Grangeiro e a reunião começa às 20 horas. A propósito te mandei um e-mail com as informações que solicitou.
Saúde e Paz.
Rafa, beleza, cara...
Essa biografia do Tchaikovsky do Anthony Holden eu possuo também. Talvez seja uma das melhores. É um pouco "grandinha", mas ahistória do Tchaikovsky é muito interessante.
Agora, vc iria enlouquecer com o homem cosmopolita e interessantíssimo que é o Liszt. Para mim, um dos maiores homens da história, em todos os sentidos. Ele também era cronista, escritor, grande pensador, e sua vida longa, de 76 anos, incansável gênio da composição, de viagens intermináveis, a dualidade entre o humano e o sagrado, o homem que se via ao mesmo tempo como um frade da ordem dos Franciscanos, e um Conquistador dos mais belos corações femininos da europa!
Liszt andava em uma carruagem puxada por 6 cavalos brancos, atirava moedas de ouro para o público, e não se curvava à nobreza européia. Pelo contrário, a nobreza se curvava ante seu talento de virtuose imbatível na europa, num tempo em que existia um virtuose do piano em cada esquina. idolatrado por Chopin como intérprete, levava as pessoas ao delírio em seus concertos, que desmaiavam.
Dizem que Liszt foi o primeiro mega-star que existiu.
Ao tocar para o Czar Nicolau I, este fazia muito barulho, conversando alto, enquanto o pianista tocava. De repente, Liszt pára de tocar.
Achando esquisito, o Czar perguntou em voz alta, porque ele havia parado, ao que Liszt disse em voz alta:
"Até a música pára, a fim de se escutar o Czar Nicolau falar!"
Essa insolência na época, era digna de que se lhe cortassem a cabeça, mas ele, muito altivo, conseguiu fazer com que o Czar apenas sorrisse, ao que todos sorriram também, e o concerto pode continuar em paz...
Um grande abraço,
Dihelson Mendonça
Dihelson,
Você, ao traçar esse perfil de Liszt, definitivamente me convenceu a não perder mais tempo para conhecer sua biografia. O episódio com o czar, então...
Saúde
Carlos,
belíssima contribuição!
Viajo nessas histórias.Fundo musical: "Sonho de amor " de Liszt.
Postar um comentário