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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Fidel sai de cena...

Sei que vou mexer num vespeiro...Mas, como o Cariricult é um bloco democrático, que abriga colaboradores com opiniões e ideologias divergentes, arrisco-me a publicar minha opinião abaixo...
(Foto: ADALBERTO ROQUE/AFP)

Aqui se faz, aqui se paga?

por Armando Lopes Rafael

Consagrados pelo uso, popularizados em todas as camadas sociais, os ditados populares são apresentados como verdades inquestionáveis. É o caso do tão conhecido “Aqui se faz, aqui se paga”. Será?

Vejamos o caso do ditador Fidel Castro. Na última 3ª feira, 19 de fevereiro, ele renunciou à presidência de Cuba, a qual exerceu por quase meio século. Deixou o poder devido aos problemas de velhice, pois é um ancião com 81 anos de idade e com a saúde abalada. Não será julgado pelos crimes cometidos no seu governo genocida, que passará à história como a mais longa e sanguinária ditadura do continente americano. Fidel Castro foi responsável por traições, crimes, torturas, exílios forçados e, principalmente, pela miséria na qual se acha mergulhada a população cubana que não conseguiu fugir da ilha.

Traição: ao assumir o poder, em 1959, Fidel traiu antigos companheiros de armas que não aceitaram a troca de suas promessas de democracia por uma ditadura comunista de partido único. Foi o caso de Jesus Carrera (um dos chefes da guerrilha que levou Castro ao poder), fuzilado na prisão com dezenas de antigos companheiros.

Crimes: por ordem de Fidel, milhares de pessoas foram fuzilados no “Paredón” pelo simples fato de não concordarem com o novo regime imposto ao povo cubano. Muitas morreram gritando: “Viva Cristo Rei, abaixo o comunismo”.

Torturas: milhares de cubanos foram condenados a longos anos de prisão e sofreram (muitos ainda sofrem) torturas nas masmorras da ilha-cárcere. Foi o que aconteceu a Huber Matos, Carlos Franqui e ao jovem universitário católico Armando Valladares. Este último, depois de 22 anos de cárceres e torturas, foi solto por pressões da Anistia Internacional e outras entidades defensoras dos direitos humanos. Livre, Valladares escreveu o livro “Contra Toda a Esperança”, onde consta a seguinte dedicatória “À memória de meus companheiros torturados e assassinados nas prisões de Fidel Castro e aos prisioneiros que atualmente agonizam nelas”.

Exílios forçados: melhor sorte teve dois milhões de cubanos que conseguiram fugir para os Estados Unidos, na maior diáspora dos tempos modernos. Infelizmente, nessas fugas, um número sem conta morreu, em alto mar, devido à fragilidade das balsas utilizadas na busca pela liberdade.

Depois de tudo isso, o decrépito Fidel Castro aguarda, na cama – recebendo visitas e loas dos presidentes Hugo Chávez, Evo Morales e Lula da Silva – cercado de todo conforto e assistência médica, a inevitável morte. “Aqui se faz, aqui se paga”, diz o ditado popular.

Será?

11 comentários:

Lupeu Lacerda disse...

que o digam os reis
na maior parte...
decapitados!!!
fidel é ruim? matou? mutilou?
oh yes
e a "maior favela da américa latina" é referência mundial em saúde e educação. gostaria de ter um caudilho desses em nossa país. é preferível do que tecer loas a reis decrépitos e ladrões do erário que aportaram em terra brasilis e se locupletaram até a exaustão.
viva cuba! vivas aos cubanos!

Armando Rafael disse...

Grande Lupeu,
Outro dia li um diálogo entre um pai e o filho. Recortei e guardei.
compartilho com você:

Diálogo Pai x Filho

Meu filho já não tem mais as dúvidas da infância e da adolescência. É adulto. Mas, no momento está cheio de incertezas provocadas pelo que ouve dos mais velhos e o que ouve e lê na imprensa.

- Pai, em que ano o Fidel Castro tomou o poder em Cuba?

- Em 1959

- Tudo isso? Mais de 49 anos? O cara então é "fera" mesmo, e deve ter sido eleito e reeleito um montão de vezes, não é?

- Nada disso, filho. Lá não há eleições livres. São cartas marcadas.O governo chega a ter 99,5% dos votos.

- Não tem eleições? E a oposição e os partidos políticos, não "chiam"?

- Deixa de ser ingênuo. As oposições ao Fidel, ou morreram, ou estão ainda nas prisões, ou exiladas. Só nos EUA há quase 2 milhões de cubanos exilados (20% da população de Cuba). E partidos políticos, lá, não existem.Só o Partido Comunista, que é o único.

- Bem, mas, pelo menos, dizem que ele se libertou do domínio econômico dos Estados Unidos e fez Cuba um país soberano.

- Nem tanto, filho. Saiu do domínio dos Estados Unidos mas ficou sob absoluto controle militar e político-ideológico da União Soviética. E para isso Fidel teve que eliminar muitos compatriotas. Você já ouviu falar no "paredón"?

- Não li nada na nossa imprensa mas já ouvi alguma coisa. Dê-me detalhes.

- No "paredón" eram fuzilados,inicialmente, os cubanos que pertenciam ao governo deposto. Depois os que não concordaram com a ditadura de Fidel.Mais de 17 mil cubanos foram ali fuzilados.

- Mas naturalmente foram sentenciados a esse fim após os competentes processo e decisões judiciais, não foi?

- Negativo. Os julgamentos eram sumários, feitos por tribunais revolucionários.

- Posso concluir então que o "distinto" está no poder há mais de 49 anos, matou, prendeu e exilou milhares de compatriotas, calou a voz da oposição, não concede liberdade à imprensa e transformou aquele país que era católico num país comunista. É isso mesmo? Incrível! Mas, e a nossa imprensa, e os partidos políticos, que tanto falam em democracia, em retidão de conduta e tanto combatem e execram as ditaduras, não botam a "boca no trombone"?

- Ao contrário filho. Por incrível que pareça a imprensa aqui o chama de Presidente e lhe dá os maiores espaços nos jornais. E os partidos políticos, principalmente os da oposição, que são da esquerda, colocam-no nas nuvens como um ídolo. As "esquerdas festivas" também, principalmente os grandes cantores e compositores deste país.
.....................

Lupeu: Como é bom a gente ser livre! Você gostaria de ter um ditador como Fidel no Brasil. E tem liberdade de proclamar isso. Se fosse em Cuba, e se você não quizesse "El Comandante", iria para o "Paredón". Se tivesse mais sorte terminaria seus dias nos porões das masmorras.
Então viva a liberdade!
Lembra do último PAN?
Cuba fugiu para impedir que seus atletas fugissem. FUGIR esse é o nome, os cubanos são prisioneiros de Cuba. Cuba é uma prisão, quem pode foge; quem não pode volta.Como os dois boxedores que o governo Lula deportou de volta à ilha-prisão.
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Viva o Lupeu poeta!
Armando
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PS - se for verdade que o sistema educacional e o sistema de saúde funcionam são referências, mas se isso foi feito em troca das liberdades democráticas, prefiro as conquistas que aos poucos estamos tendo no Brasil. Com liberdade!

Rodolpho disse...

Existe um pensador estadunidense chamado Noam Chomsky, uma das maiores
excelências em linguística do mundo e talvez único intelectual de seu país a construir um pensamento crítico e contrário ao Sistema. Ele fala que as tradições de esquerda são importantes pois alimentam as novas visões libertárias e constroem a busca pela Utopia, por mais que as tentativas de gorverno tenham fracassado.

Sim! A Revolução Cubana foi e é uma grande matriz para o pensamento político, sobretudo para a América Latina. A maior resposta contra a "liberdade" imposta pela democracia estadunidense!

A História nos dá e dará nomes, pessoas, sangue e samba. A Revolução não foi e não é só Fidel como os EUA não é o Bush. Assim por diante em cada país, cada nação.

Sempre pensei nesse dia e sei exatamente qual o meu sentimento por Fidel e seu papel na História.

Viva Cuba! Viva!
Hasta siempre!

Anônimo disse...

Cuba é monarquia. Sai um castro, entra outro, o irmão...

Armando Rafael disse...

Aristides:
Permita-me uma retificação...
Cuba não é uma monarquia! Monarquias são, dentre outras, a Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Japão, Suécia, Noruega, Inglaterra – e por extensão Canadá, Austrália, Escócia, País de Gales – que são regimes políticos regidos por uma constituição que prevê pluralidade ideológica, funcionamento legal de vários partidos políticos, imprensa livre, liberdade de expressão, etc.
Cuba é uma ditadura familiar de partido único (o Partido Comunista Cubano) que manobra a MASSA há quase meio século. Sem Estado de Direito, ou seja, sem pluralidade ideológica, sem liberdade de imprensa, sem liberdades individuais, com as prisões cheias de presos políticos e presos de consciência...
Escrevi MASSA e não POVO, pois – segundo o Papa Pio XII - há uma distinção entre “povo” e “massa”.
O POVO vive da plenitude da vida dos homens que o compõe, cada um dos quais é uma pessoa consciente das próprias responsabilidades e convicções. A MASSA, pelo contrário, espera uma influência externa; torna-se brinquedo fácil nas mãos de quem quer que jogue com seus instintos ou impressões. Lembra das multidões (com bandeirinhas nas mãos e fazendo claque para “El Comandante Jefe”) convocadas para ouvir – na Plaza de la Revolución – os intermináveis discursos do ditador Fidel? Discursos que duravam seis, oito ou até dez horas?
“Num povo digno de tal nome – quem ainda diz é Pio XII – o cidadão sente em si mesmo a consciência da sua personalidade, dos seus deveres e dos seus direitos, da própria liberdade conjugada com o respeito da dignidade e da liberdade alheia (Isso acontece nas monarquias constitucionais). O POVO vive e move-se por conta própria; a MASSA é de si inerte, e não pode mover-se senão por um agente externo”.

Armando Rafael disse...

Rodolpho:
Respeito sua visão ideológica! Respeito sua admiração por Noam Chomsky (cfe. você diz, para ele "as tradições de esquerda são importantes pois alimentam as novas visões libertárias")
Será que ele sabe que Fidel Castro foi um dos raríssimos milionários do planeta listados pela respeitada revista “Forbes”? "Estimamos que 10% da economia cubana passe pelas mãos dele, uma estimativa até muito conservadora", disse Carleen Hawn, repórter da revista, quando o ditador cubano foi incluído na lista.
E como vive massa?
Os salários quando são bons, como o de diretor de uma empresa pública, atingem 36 reais por mês, o dobro do que ganha um operário. O ordenado é em pesos — a moeda nacional — que só têm valor nas lojas do Estado. Nelas, as compras são racionadas. Registra-se quanto cada um levou, para ninguém passar do limite fixado por mês e por pessoa: três quilos de arroz, 250 gramas de feijão, 1,5 quilo de açúcar, meia dúzia de ovos, 250 gramas de frango duas vezes ao mês, se houver. Carne de vaca, só para diabéticos ou regimes especiais com atestado médico. Para turistas, membros do regime e seus amigos há shoppings especiais...

Quem quiser uma galinha ou um porco, deve criá-los às ocultas, dentro da casa ou partamento.Estes, aliás, milimetricamente subdivididos pela reforma urbana. Segundo estatísticas da UNESCO, os cubanos têm um dos mais baixos índices de qualidade de vida do mundo e as condições de habitação são de uma precariedade inimaginável.

O café da manhã de uma família consiste numa xícara de café e pão com óleo, porque não há manteiga. No almoço e no jantar, arroz mexido com feijão ou – quando há – ovos, uma batata cozida por pessoa e duas colheres de macarrão. Um jornalista simpático ao regime viu nisso um admirável sistema, que zela pelo peso da população. Até contou o número de gordos que observou em Cuba: apenas três, em Havana, Matanzas e Varadero.O governo contrata marqueteiros estrangeiros para que o infeliz povo consiga engolir os produtos, repulsivos pela feiúra e má qualidade, que ele distribui.

Sabonete, mensalmente só um por pessoa. Leite, um litro por dia, para crianças de até sete anos. E as prateleiras das lojas estatais estão freqüentemente vazias. Mas nem essas cotas são cumpridas pelo governo...
"Liberdade, liberdade, quantos crimes se cometeram (e ainda se cometem) em teu nome"...

Anônimo disse...

Ora pessoal, todos sabem muito bem o que eu quis dizer sobre Cuba ser "monarquia", assim, com aspas. Foi erro meu não ter posto as aspas. Então vamos lá: Cuba é "monarquia". Sai um castro, entra outro, o irmão...

Anônimo disse...

Bom, se alguém tem dúvida sobre um governo monárquico e despótico, não, despótico não, mas que amordaça a livre expressão é só ver o caso da Arábia Saudita, muito bem regida pela dinastia Saud, que dá nome ao país. Para que não haja dúvidas: não simpatizo com regimes como o cubano.

Em off: fiquei sabendo dia desses que Dom Pedro Gastão de Orleans e Bragança tinho falecido na Espanha. Acho que já tive a notícia tarde demais. Porém é interesante saber porque o aspirante ao trono brasileiro foi sepultado em Sevilla e não em Petrópolis ou no Rio de Janeiro. Será atavica a atração que eles têm pela Europa?

Armando Rafael disse...

Aristides:
1 - Por que os monarquistas brasileiros não citam a Árabia Saudita?
Simples. O que eles defendem é a monarquia parlamentar constitucional.Com um rei que não participa do governo. Ele é só o Chefe de Estado. O governo será administrado por um primeiro-ministro escolhido pelos partidos políticos que lhe dão sustentação.Quando o rei interfere no governo tende a se corromper como acontece com os presidentes de repúblicas.
O Imperador Francisco José sintetizou brilhantemente a função do rei: "A missão do rei é defender o povo dos seus governos".
Na Arábia Saudita a monarquia tem ranços de absolutismo. Não é uma democracia plena. Apesar disso, as monarquias árabes ainda são melhores do que as repúblicas de lá. Há mais organização e mais progresso na Jordânia e na Arábia Saudita do que - por exemplo - nas repúblicas do Líbano,do Iraque ou do Afganistão...

2 - Dom Pedro de Orleans era viúvo de Dona Maria de la Esperanza de Borbón, tia do rei Juan Carlos da Espanha e que morreu em 8 de agosto de 2005, em Sevilha. Eles se casaram na catedral da capital sevilhana em 18 de dezembro de 1944.Aos 94 anos, dom Pedro morava em Sevilha desde a morte da esposa. Com o clima de insegurança existente na região metropolitana do Rio de Janeiro, devido à idade avançada e como a Espanha não tem esse problema de violência que ora temos no Brasil, os filhos de Dom Pedro o convenceram a ficar em Sevilha, aonde veio a falecer e foi sepultado. Seus restos mortais serão transferidos, posteriormente, para o cemitério de Petropólis.

jflavio disse...

Amigos,

De que adianta tanta discussão ? Daqui a alguns dias só restarão os quatro reis do baralho. Perdoem, ficará ainda o Momo de quem sou um dos discípulos mais fiéis.

Anônimo disse...

Se ele, O Momo, for o monarca, eu o aceito. Serei seu fiel súdito, tá bom!