TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Tão-somente um sábado

Manhã cintilante de um sábado sacana.
E o poeta cá corroído:
calos suntuosos, ombros em carne viva.
Matar larvas de aedes é uma batalha.
A semana toda caixas d'água intransponíveis.
Ralos fétidos. Casas mal-assombradas.
E nada me trespassa o peito.
Nem larvicida tampouco ópio.
Sobressaltado reconheço em meus olhos
o milagre da infância
quando formigas passeavam solícitas
não bêbadas.
Quando as lagartixas não temiam meus passos
e me encaravam com aquele sorriso sarcástico.
Meu vazio tão amplo me comove.
E o sábado lá fora mediterrâneo.
Sacana como todo grego.

3 comentários:

socorro moreira disse...

Mando meu sábado pra ti ...quase bendito !

Carlos Rafael Dias disse...

Benditos sejam os teus sábados,ó domingos!

Marcos Vinícius Leonel disse...

que produção, cara,
muito massa, seu texto flui existencialmente.