TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 27 de julho de 2008

Palmada

Farto estou dos meios,
dos extremos, das metades.
Do corpo que se abriga em uma consciência etérea.
Morto estou dos pecados infantis.
Não há mais transitoriedade em minha mente.
O rio sumiu sob a velocidade das nuvens.
Permaneço córrego entre seixos lodosos.
As palavras morrem depois de pensadas.
Até antes de presumidas.
Sempre sonhei com o ápice
após cavar toneladas de terra.
O verme é humano,
respira bactérias milagrosas.
Hospedeiro que sou da eternidade
inquieto-me com a muriçoca
ensanguentada do meu sangue.

2 comentários:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Um tranco nas medidas,
outro na consciência etérea:
que morto é o rio desejado,
posto que de seus pecados infantis permanece um córrego.

E inspira bactérias milagrosas na intimidade subterrânea para brotar palavras feito ápices.

Tudo isso por uma palmada numa muriçoca que lhe filetava o sangue.

Poesia é como flor de outono,
é mudança de estação.

socorro moreira disse...

Hospedeiro da eternidade , teus versos são eternos !