TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

PASSOS



Nos maus caminhos que a chuva chora
Planto os meus passos sobre o chão molhado
Sobre o cheiro do barro vermelho, do estalar dos galhos
Em rumo incerto, fugir de dentro de mim...de dentro de mim...de dentro de mim...de dentro...

Andar esquivo mas saber o Norte
Ouvir campinas, trinar canários
Pular mil cercas, gozar cenários
Apesar de o peito caminhar para morte...ca-mi-nhar!!!

E transpor fronteiras, fundir-se em rios
Perder-se em verdes brilhantes, encarar bicos, bigodes, novos semblantes.
E assim, depois de ser rio, vento e pássaro...

Voltar aos passos pelo caminho errante
Já não são risonhos os cânticos, já são tão cinzas os verdes
Já foram mais sutis as matas...mata-me, tão cansada de mim, mata-me sem tiros de festim, mata-me sem tiros...sem tiros...
Leva-me o riacho manso, leva-me a correnteza forte
E em cada rio vai um pedaço de mim
Em cada sol ao por-se no Norte, ao por-se no Norte
Vai um pedaço de mim, um pedaço de mim...

3 comentários:

socorro moreira disse...

"Andar esquivo mas saber o Norte
Ouvir campinas, trinar canários
Pular mil cercas, gozar cenários
Apesar de o peito caminhar para morte...ca-mi-nhar!!! "



Caminhar...
caminhar ...
pra tudo acontecer,
antes do inevitável ...
Caminhar nos teus versos ...
Achá-los !

Marcos Vinícius Leonel disse...

Grande poema, Sávio, lirismo e sensibilidade, assim a nossa coletânea será um rio de qualidade.
abraços

Antonio Sávio disse...

Obrigado Socorro e Marcos. Aos poucos vão tentando soltar os grilhões que prendem meus poemas. Aliás, são vocês que os soltam.