TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

UM AMOR PARA A MOLDURA DA JANELA PARA O IMPRECISO

Olhaí pessoal: estou sozinho nesta praça de encontro. Emudecerei por alguns dias para que outros enverdeçam a aridez deste conversador repetido.

lembro do abismo que dissipa,
no momento ainda sólido,
do varonil amplexo sucessório,
e tu com os olhos de luz,
sobre a escuridão da morte.

quando o sangue do luar poluído,
lancetava todas as realizações materiais,
e nos átomos da alma esfarinhada,
tudo era nada e isto apenas o que era,
nem uma metáfora por remédio.

lembro que se os limites fossem ultrapassados,
todo o medo se tornaria substância inerte,
nenhuma vitória se queixaria do esforço dado,
o acúmulo capital apenas líquido pantanoso,
e tu me abraçaria como pela primeira vez.

quando a exuberância da nova experiência,
deslembra o tédio das repetições,
e da cratera o fluxo piroclástico nega tudo,
do mais simples fonema de espanto,
ao mais completo discurso sobre a humanidade.

lembro quando teus abraços deram permanência,
e pelos beijos fluíram jatos de futuro,
deixando formas físicas nos espaços,
versos de amor no substrato da subjetividade,
e hoje tênue como sempre é a vida.

quando imprecisa é a linha do tempo,
sujeita a trovoadas de interpretações lembradas,
assim como irregular é o espaço,
para estes troncos e membros frágeis,
e mesmo assim sabemos da eternidade.

6 comentários:

socorro moreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
socorro moreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
socorro moreira disse...

Mal me inspiro...
Mas o texto é lindo !


Beijo

Dihelson Mendonça disse...

Isso vai dar em Namoro...

rs rs rs

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Grande Dihelson como já e do comum não se pode falar em amor, sem derivar. Se não podes com pote do amor nem pegues na rodilha. Por isso é que amo o espaço que me gerou e amo o conteúdo que nele ferve. E neste impreciso mundo encontramos o lampejo que ultrapassa a fragilidade e os termos em que tudo sucumbe. Agora imagine você que eu, um cabra macho desta gretas áridas e espinhosas ficar nestas bandas falando de amor.

Socorro você tem o dom iluminar nossas juntas em movimento.

socorro moreira disse...

Di,
Namoro poético não tem começo , nem fim. Não tem contrato de fidelidade ...Cada poema é um encontro marcado !

Também namoro com a tua música !

Hei , descobri uma música muito linda , ontem a noite :
"Amor perfeito" .
Interpretada , lindamente , por Clara Nunes e Marisa Gata Mansa. Já ouvi ?
É uma faixa digna da Rádio que chapa ! risos