Milton Nascimento & Jobim Trio
Novas Bossas
O cantor e compositor mineiro lança a sua espécie de homenagem à bossa nova, acompanhado da obviedade sonora do Jobim Trio, formado por Daniel Jobim, no piano; Paulo Jobim, violão e Paulo Braga, bateria; com participação especial de Rodrigo Villa, no baixo acústico. O disco, com excelente trabalho de produção e fino acabamento de produto, recebeu o curioso nome de “Novas Bossas”, que de novo não tem absolutamente nada, excetuando-se o fato de Milton Nascimento se apresentar em melhor fase, o que tinha se tornado raro nos últimos tempos.
Esse é sem dúvida nenhuma um produto para exportação, com nítido aproveitamento dos nomes envolvidos no projeto, bem como a oportuna carona nas possíveis e impossíveis homenagens mercadológicas à bossa nova. Apesar do forte cheiro de armação, Milton Nascimento faz valer à pena a compra desse cd, em diversos momentos. Seu poder vocal parece estar de volta e sua potência interpretativa supre a falta de arranjos classudos, quase uma constante nesse disco, que muitas vezes patina na mesmice dos estandartes.
O repertórtio escolhido faz jus aos nomes envolvidos, são composições de Milton Nascimento, Antônio Carlos Jobim, mais uma de Vinícius de Moraes, outra de Dorival Caymmi e a belíssima “Tudo o que você podia ser”, de Lô Borges e Márcio Borges, que abre o disco, remetendo o ouvinte a um tempo em que se sabia compor canções na música popular brasileira. Algumas recriações instrumentais soam miseráveis, diante do que já foi feito em outras interpretações, como em “O vento”, “Chega de saudade” e “Trem de ferro”.
JobimTrio é um daqueles grupos brasileiros que nem Ford e nem sai de Sinca, piano pobre, violão desaparecido, os dois se sustentam na base segura de Paulo Braga e Rodrigo Villa. As concepções de arranjos são por demais econômicas diante da envergadura harmônica e melódica das composições, excetuando-se a pobreza de “O vento”, de Dorival Caymmi – eternizado não sei necessariamente porquê - , e “Medo de Amar”, de Vinícius de Moraes - responsável por alguns dos versos mais ridículos da mpb, coisas do tipo: “Mas se ela voltar / que coisa linda, que coisa louca / pois há menos peixinhos a nadar no mar / do que os beijinhos que eu darei em sua boca...”
Milton Nascimento é uma história à parte, não vive à sombra de ninguém, principalmente nesse disco. É certo que ele vem de lançamentos equivocados, mas também é certo que ele não perdeu a majestade, nunca. Que delícia é ouvir, mesmo com esse acompanhamento intimidado, a sua interpretação para “Tudo que você podia ter”, “Cais”, “Inútil paisagem”, “Tarde” e “Caminhos cruzados”. A sua voz e a sua interpretação, com seus falsetes e sua modulações, permitem ao ouvinte mais atento, perceber como se processa o fenômeno de salvamento de uma música, quando o cantor carrega nas costas uma banda inteira.
A produção do disco é impecável, visto o quanto é difícil captar a sonoridade acústica dessa formação. Milton e Jobim Trio assinam a produção, juntamente com Chico Neves. O disco leva o selo Tribo, de Milton Nascimento Produções. As gravações aconteceram no Bituca’s Studios, Daniel Jobim Studio’s e Estúdio 304. A sonoridade geral do disco é cheia de graves profundos, médios fartos e poucos agudos, mas o resultado é excelente, top de linha, sem pasteurizações digitais. A mixagem privilegia a voz, o que de fato deveria acontecer, e negligencia os violões, o que torna-se o pecado da produção, mesmo tendo em vista a falta de um grande violonista.
Esse é aquele disco que, para os amantes das harmonias complexas e da infantilidade das letras da bossa nova, é um verdadeiro achado, digno de ser escutado em uma varanda ampla, combatendo o calor com a aproximação dos amigos e o acomodamento emotivo de um bom vinho. Já para aqueles mais exigentes e desconfiados da recente produção nacional, vale a pena comprar nesse exato momento, pois ele custa apenas nove reais e noventa, nas lojas americanas do shopping de Juazeiro do Norte, corra, que o preço original dele é vinte e nove reais.
Novas Bossas
O cantor e compositor mineiro lança a sua espécie de homenagem à bossa nova, acompanhado da obviedade sonora do Jobim Trio, formado por Daniel Jobim, no piano; Paulo Jobim, violão e Paulo Braga, bateria; com participação especial de Rodrigo Villa, no baixo acústico. O disco, com excelente trabalho de produção e fino acabamento de produto, recebeu o curioso nome de “Novas Bossas”, que de novo não tem absolutamente nada, excetuando-se o fato de Milton Nascimento se apresentar em melhor fase, o que tinha se tornado raro nos últimos tempos.
Esse é sem dúvida nenhuma um produto para exportação, com nítido aproveitamento dos nomes envolvidos no projeto, bem como a oportuna carona nas possíveis e impossíveis homenagens mercadológicas à bossa nova. Apesar do forte cheiro de armação, Milton Nascimento faz valer à pena a compra desse cd, em diversos momentos. Seu poder vocal parece estar de volta e sua potência interpretativa supre a falta de arranjos classudos, quase uma constante nesse disco, que muitas vezes patina na mesmice dos estandartes.
O repertórtio escolhido faz jus aos nomes envolvidos, são composições de Milton Nascimento, Antônio Carlos Jobim, mais uma de Vinícius de Moraes, outra de Dorival Caymmi e a belíssima “Tudo o que você podia ser”, de Lô Borges e Márcio Borges, que abre o disco, remetendo o ouvinte a um tempo em que se sabia compor canções na música popular brasileira. Algumas recriações instrumentais soam miseráveis, diante do que já foi feito em outras interpretações, como em “O vento”, “Chega de saudade” e “Trem de ferro”.
JobimTrio é um daqueles grupos brasileiros que nem Ford e nem sai de Sinca, piano pobre, violão desaparecido, os dois se sustentam na base segura de Paulo Braga e Rodrigo Villa. As concepções de arranjos são por demais econômicas diante da envergadura harmônica e melódica das composições, excetuando-se a pobreza de “O vento”, de Dorival Caymmi – eternizado não sei necessariamente porquê - , e “Medo de Amar”, de Vinícius de Moraes - responsável por alguns dos versos mais ridículos da mpb, coisas do tipo: “Mas se ela voltar / que coisa linda, que coisa louca / pois há menos peixinhos a nadar no mar / do que os beijinhos que eu darei em sua boca...”
Milton Nascimento é uma história à parte, não vive à sombra de ninguém, principalmente nesse disco. É certo que ele vem de lançamentos equivocados, mas também é certo que ele não perdeu a majestade, nunca. Que delícia é ouvir, mesmo com esse acompanhamento intimidado, a sua interpretação para “Tudo que você podia ter”, “Cais”, “Inútil paisagem”, “Tarde” e “Caminhos cruzados”. A sua voz e a sua interpretação, com seus falsetes e sua modulações, permitem ao ouvinte mais atento, perceber como se processa o fenômeno de salvamento de uma música, quando o cantor carrega nas costas uma banda inteira.
A produção do disco é impecável, visto o quanto é difícil captar a sonoridade acústica dessa formação. Milton e Jobim Trio assinam a produção, juntamente com Chico Neves. O disco leva o selo Tribo, de Milton Nascimento Produções. As gravações aconteceram no Bituca’s Studios, Daniel Jobim Studio’s e Estúdio 304. A sonoridade geral do disco é cheia de graves profundos, médios fartos e poucos agudos, mas o resultado é excelente, top de linha, sem pasteurizações digitais. A mixagem privilegia a voz, o que de fato deveria acontecer, e negligencia os violões, o que torna-se o pecado da produção, mesmo tendo em vista a falta de um grande violonista.
Esse é aquele disco que, para os amantes das harmonias complexas e da infantilidade das letras da bossa nova, é um verdadeiro achado, digno de ser escutado em uma varanda ampla, combatendo o calor com a aproximação dos amigos e o acomodamento emotivo de um bom vinho. Já para aqueles mais exigentes e desconfiados da recente produção nacional, vale a pena comprar nesse exato momento, pois ele custa apenas nove reais e noventa, nas lojas americanas do shopping de Juazeiro do Norte, corra, que o preço original dele é vinte e nove reais.
2 comentários:
Vou conferir !
Abraços , Marcos .
Beleza Socorro
bjs
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