Quando rasgarem o gesso ao meio
e me libertarem desta luva branca
talvez eu lhe diga como senti falta
de uma parede generosa.
Pensei em vários momentos difíceis
em estraçalhar os dedos de encontro a ela.
A minha predileta é a do quarto.
Uma parede que se faz de morta
para com crueldade extrema
sugar minha carne.
Compreendo agora a parábola indiana.
Ao banhar-me de fato algo não se molha.
É a minha mão obscura.
Engessada.
Na fisioterapia quem sabe eu lhe confesse
como quase morri trocando uma lâmpada.
4 comentários:
Se são verdadeiras todas as tuas queixas , juro-te amigo , posso ser a enfermeira !
S.O.S de plantão !
A gente viveria escrevendo versos.
Esquecendo do mundo, do pão e do circo.
Abraços, querida Socorro.
Demais,Domingos, muitas vezes leio suas imagens do cotidiano e imagino como seria Huidobro ou Unamuno lendo seus versos.
abraços
Pensador como és, meu camarada
também me sinto privilegiado.
Abraços.
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