TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Cinismo

Quando rasgarem o gesso ao meio
e me libertarem desta luva branca
talvez eu lhe diga como senti falta
de uma parede generosa.
Pensei em vários momentos difíceis
em estraçalhar os dedos de encontro a ela.
A minha predileta é a do quarto.
Uma parede que se faz de morta
para com crueldade extrema
sugar minha carne.
Compreendo agora a parábola indiana.
Ao banhar-me de fato algo não se molha.
É a minha mão obscura.
Engessada.
Na fisioterapia quem sabe eu lhe confesse
como quase morri trocando uma lâmpada.

4 comentários:

socorro moreira disse...

Se são verdadeiras todas as tuas queixas , juro-te amigo , posso ser a enfermeira !


S.O.S de plantão !

Domingos Barroso disse...

A gente viveria escrevendo versos.
Esquecendo do mundo, do pão e do circo.
Abraços, querida Socorro.

Marcos Vinícius Leonel disse...

Demais,Domingos, muitas vezes leio suas imagens do cotidiano e imagino como seria Huidobro ou Unamuno lendo seus versos.
abraços

Domingos Barroso disse...

Pensador como és, meu camarada
também me sinto privilegiado.
Abraços.