Uma (des)vantagem de viver mais tempo é que nos expomos a mais coisas. Novas idéias, novas estéticas, novas éticas, novas modas, novos olhares. A vantagem é que aprendemos a usar a mudança (o novo) como antena da história da sociedade na qual nos encontramos. Este é o caso do Funk e da sua coirmã Rave em termos de manifestação social. O Funk Carioca com mais firmeza pois tem uma produção artística de grande monta.
Tomando como referência a Eguinha Pró có tó ou a coreografia dos bailes imensos, em galpões de antigas fábricas, vem uma apreciação estranha. Especialmente para quem se desenvolveu em ambiência humanista, voltada para libertação da mulher e ouve as letras das Cachorras e outras animalizações das mulheres.
Este é um dado que nos chega como apologia à degradação humana, como uma ludicidade exagerada e sexualizada, como ambiente de consumo de bebidas, drogas euforizantes; como, enfim, o limite em que mais nada existe para se extrair a alegria e o prazer. No caso da qualidade musical são tantos os exemplos de massificação inespecial que olhamos tudo com tédio de que nada existe sobre o chão dos bailes Funk.
Foi aí que a vantagem da observação da antena do tempo me chegou como algo necessário. A verdade é que as megalópolis explodiram, aquilo que já ocorrera com o Rock nos bairros operários, agora vinha, especialmente na América Latina e acho que, também na África e em certos países da Ásia, como uma expressão da realidade. Um novo lumpesinato, se virando na periferia, em jogadas perigosas, no limite da vida e da morte, afinal dava as caras. Como a periferia do consumismo, como a internalização do marginal no próprio espaço em que a polícia o confinara. Uma banalização da pessoa e do gênero, agora na decadência (ou do avanço que nunca houve) da evolução do respeito burguês (os direitos femininos etc.) os bailes se multiplicaram pela Baixada Fluminense e nos morros do Rio de Janeiro.
Como toda planta gerada à partir da raiz social que de algum modo tentei espelhar no parágrafo anterior, é claro que o Funk Carioca ao se esgalhar no crivo da sociedade geral, passou a ter outros derivados e a "pedagogia dominante" a buscar-lhe novos usos. Por isso é que como o velho samba feito com o drama da perseguição policial aos sambistas, o Funk entrou em algumas paradas oficiais, em novelas da Globo, surgiram seus "heróis do bem" neste glamour com o qual o oficialismo cultural tenta enquadrar a explosão da sociedade insegura.
Sem querer me alongar, mas certamente tudo isso representa se encontrar ou não inserido no atual estágio da sociedade consumista. Afinal o diferencial, tudo leva a crer, parece mesmo ser o consumismo. O Funk na massa dos jovens de baixo consumo e as Rave entre a juventude de classe média com seus ectase, carrões turbinados em direção das periferias urbanas, igualmente em galpões. No dia seguinte levas de zumbis nas estradas retornam para o aconchego dos lares de classe média sem saber de fato se um acidente de trânsito não mata a todos no percurso.
Nos bailes Funk existe um mundo real. A estética se encontra na raiz da divisão das riquezas, naquilo que grandes teóricos deste assunto ali pelos idos dos anos 50, 60- e 70 sacaram como a historicidade da estética. Se temos com a cultura e com as artes uma relação de conhecimento e aprendizado, é fundamental que, também, entendamos o nosso tempo.
Tomando como referência a Eguinha Pró có tó ou a coreografia dos bailes imensos, em galpões de antigas fábricas, vem uma apreciação estranha. Especialmente para quem se desenvolveu em ambiência humanista, voltada para libertação da mulher e ouve as letras das Cachorras e outras animalizações das mulheres.
Este é um dado que nos chega como apologia à degradação humana, como uma ludicidade exagerada e sexualizada, como ambiente de consumo de bebidas, drogas euforizantes; como, enfim, o limite em que mais nada existe para se extrair a alegria e o prazer. No caso da qualidade musical são tantos os exemplos de massificação inespecial que olhamos tudo com tédio de que nada existe sobre o chão dos bailes Funk.
Foi aí que a vantagem da observação da antena do tempo me chegou como algo necessário. A verdade é que as megalópolis explodiram, aquilo que já ocorrera com o Rock nos bairros operários, agora vinha, especialmente na América Latina e acho que, também na África e em certos países da Ásia, como uma expressão da realidade. Um novo lumpesinato, se virando na periferia, em jogadas perigosas, no limite da vida e da morte, afinal dava as caras. Como a periferia do consumismo, como a internalização do marginal no próprio espaço em que a polícia o confinara. Uma banalização da pessoa e do gênero, agora na decadência (ou do avanço que nunca houve) da evolução do respeito burguês (os direitos femininos etc.) os bailes se multiplicaram pela Baixada Fluminense e nos morros do Rio de Janeiro.
Como toda planta gerada à partir da raiz social que de algum modo tentei espelhar no parágrafo anterior, é claro que o Funk Carioca ao se esgalhar no crivo da sociedade geral, passou a ter outros derivados e a "pedagogia dominante" a buscar-lhe novos usos. Por isso é que como o velho samba feito com o drama da perseguição policial aos sambistas, o Funk entrou em algumas paradas oficiais, em novelas da Globo, surgiram seus "heróis do bem" neste glamour com o qual o oficialismo cultural tenta enquadrar a explosão da sociedade insegura.
Sem querer me alongar, mas certamente tudo isso representa se encontrar ou não inserido no atual estágio da sociedade consumista. Afinal o diferencial, tudo leva a crer, parece mesmo ser o consumismo. O Funk na massa dos jovens de baixo consumo e as Rave entre a juventude de classe média com seus ectase, carrões turbinados em direção das periferias urbanas, igualmente em galpões. No dia seguinte levas de zumbis nas estradas retornam para o aconchego dos lares de classe média sem saber de fato se um acidente de trânsito não mata a todos no percurso.
Nos bailes Funk existe um mundo real. A estética se encontra na raiz da divisão das riquezas, naquilo que grandes teóricos deste assunto ali pelos idos dos anos 50, 60- e 70 sacaram como a historicidade da estética. Se temos com a cultura e com as artes uma relação de conhecimento e aprendizado, é fundamental que, também, entendamos o nosso tempo.
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