TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008


E que deus me livre dos livros
Que a fascinação não me fascine
Que o belo passe batido
E o comum se dilua
No liquidificador de merda
E ração adocicada.
E que deus me livre da lombra
Da imagem irreal
Do mantra do vento nas árvores

E que deus me livre da preguiça
Do cio e do ócio
Das fotografias de sebastião salgado

E que deus me livre das gargalhadas
Da sensação de chuva no rosto
Da brisa na madrugada

E que deus, em sua suprema bondade
Me livre dos livres
E aumente um elo
Na corrente que prende meu pé.

3 comentários:

Marcos Vinícius Leonel disse...

The Lupas na área,
dessa vez existencial, sem pragmáticas. Beleza de texto, poeta, esmagando naftalinas.
abraços

socorro moreira disse...

Enquanto li , senti a presença ou lembrança de um amigo comum. Parecia um "duplix"... Ele e você !
Ele partiu ...Vocês ficaram !



Beijo

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Uma quebra de expectativas. Quando se espera que Deus e o Diabo na Terra do Sol se misture na crítica ao consumismo de Kerouac e pelos becos da periferia, nas embocadura de algo entre luzes, cachaças e conflitos da sobrevivência, vem outra coisa. Vem um quase budista pedindo que o desbaste de todos os trastes que nele colocaram igual um molusco. Pronto o Lupeu agora se volta contra a historicidade dele mesmo. E que vivam os brasileiros do cariri, do Cariricult.