TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

...

Acredito na música veloz e destrutiva
que por hora vive submersa
por não se enquadrar nas partituras do nosso tempo.

Ainda lhe faltam notas
inventadas por um louco.
Ou por um velho de rosto anônimo
de imundas e longas barbas descuidadas.

Ele pode estar agora
numa caverna, num banco de praça.

Talvez esperando a derradeira hora
de, com um acorde ou dois,
rachar os alicerces dessa porra de cidade.

Eu sempre o procuro
com aqueles mesmos olhos vermelhos.
Sem medo de que tudo se aniquile.

Quando esse velho meter bala
(talvez numa guitarra imaginária)
pra decretar o fim dos tempos
e o nascimento de gerações de homens-luz,
estarei atento, só sacando a melodia
que vai estourar toda essa joça.

Quero decorar ao menos o começo
pra assobiar pros anjos brancos, alvos.

Pra aquele bando de otários
tristes, moles, entediados.

2 comentários:

Lupeu Lacerda disse...

texto brabo
como brabos são os que escrevem com força. o velho de guitarra, vem quando? a partitura, é em que papel? se for seda, enrolo um último baseado. pra esquecer. pra lembrar de esquecer.
hasta siempre.

Marta F. disse...

Texto muito bem acabado, bem trabalhado, coesão e nexo, pra ser bem redundante.
Poesia interessante, Gustavo, armagedon musical. Bravo.