Por mais que sorrias
e festejes a vida
vejo tanta tristeza
em teu brilho.
Louvados todos os Santos dos Altares
por eu não ter me casado contigo -
Seria agora um desvalido
escravo dos meus instintos.
Porque tu és uma bela maçã
com essas sardas de ouro
e essa melancolia e essa volúpia
nos dentes alvos e lábios mornos.
Graças a todos os Loucos do Inferno
não me casei contigo -
Senão seria eu um incansável mendigo
dos prazeres mais vis e mundanos.
Porque tu és facínora do equilíbrio
da vida contida e bem regrada -
Mas quem com esses olhos de graúna
e essas pernas de bailarina
seria freira de indigente?
Por mais louca,
por mais que apresses o instante
vejo tanta tristeza em teu encanto.
Odeio todos os Santos dos Infernos
e todos os Loucos dos Altares
por não ter me casado contigo -
Estaria eu hoje sorrindo
com a marca de teus dentes
no meu umbigo
e teu piercing no meu pênis.
Estaria morto, fodido, acabado -
feito Aleijadinho com lepra
diante da Escultura viva.
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