24/06/2009 - 11h00
Claudia Andrade
Do UOL Notícias
Em Brasília
O consumo de cocaína também está crescendo em vários países da América do Sul, incluindo o Brasil. É o que aponta relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre drogas divulgado nesta quarta-feira (24). Em números absolutos, o mercado brasileiro é o que mais consome a droga no continente, com cerca de 890 mil usuários, o equivalente a 0,7% da população entre 12 e 65 anos, segundo dados dos anos 2006/2007. Em 2001, os usuários de cocaína representavam 0,4% da população. Se o consumo aumenta, crescem também as apreensões da droga. Nos países do Cone Sul (Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai), as apreensões passaram de 10 toneladas no ano 2000 para 38 toneladas em 2007. "Isso reflete o aumento crescente da importância desses países para o tráfico de cocaína, tanto para satisfazer a demanda interna quanto para reexportar a cocaína para mercados como Europa, África e região do Pacífico", constata a ONU, em seu relatório.
Em 2007, a América do Sul contribuiu com 45% do total mundial de apreensões da droga, o equivalente a 323 toneladas. Mais de 60% desse número veio da Colômbia. No Brasil, foram apreendidas 17 toneladas de cocaína, o que coloca o país em 10º no ranking mundial. No ano anterior, o Brasil ocupava a 12ª posição, com pouco mais de 14 toneladas apreendidas.De acordo com a Polícia Federal, a apreensão de cocaína no país aumentou entre 2007 e 2008, passando de 18,5 toneladas para 20 toneladas. "Contudo, esse não é o nosso principal objetivo. Temos tentado fazer a desarticulação das organizações criminosas que atuam neste comércio", disse Roberto Troncon Filho, diretor de combate ao crime organizado da PF.O relatório da ONU destaca, no entanto, uma queda na produção de cocaína no mundo todo. Em 2004, a produção superou as 1.000 toneladas, número que caiu para 845 toneladas no último levantamento. A redução de 28% na produção da droga na Colômbia contribuiu para a diminuição global, de acordo com o relatório.Crack: apreensão quase quadruplicaNo caso do crack, as apreensões no Brasil cresceram quase quatro vezes de 2006 para 2007, passando de 145,3 toneladas para 578 toneladas. No período histórico do levantamento, que começa em 2002, o ano em que a apreensão da droga foi menor no país foi 2004, com 101 toneladas apreendidas. Em toda América do Sul, as apreensões passaram de 479,3 toneladas em 2006 para 706,8 toneladas no ano seguinte.MaconhaO consumo de maconha no Brasil está aumentando. Segundo o documento da ONU, a taxa anual de consumo no país passou de 1% em 2001 para 2,6% em 2005. "De acordo com as autoridades brasileiras, esse número parece continuar subindo nos anos subsequentes", afirma o relatório.
Segundo as Nações Unidas, a maconha continua sendo a droga mais cultivada e consumida em todo o mundo. E o alerta do relatório é para os danos que a droga traz à saúde. "O índice médio de THC (o componente prejudicial da droga) observado na maconha na América do Norte quase dobrou na última década. Essa mudança traz grandes implicações à saúde, evidenciada por um aumento significante no número de pessoas em busca de tratamento."Heroína e drogas injetáveisO relatório da ONU aponta que o Brasil tem o maior número de usuários de opiáceos (ópio, heroína, morfina) entre os países da América do Sul. São cerca de 635 mil usuários, ou 0,5% da população entre 12 e 65 anos. A maioria usa analgésicos e só uma pequena parte usa heroína (menos de 0,05%). "Os dados mostram uma tendência de estabilização no uso de opiáceos nas Américas, mas tendências de crescimento no México, na Venezuela e na Argentina", diz o documento.
DADOS DO BRASIL SOBRE USUÁRIOS DE DROGAS JOVENS NA AMÉRICA DO SUL
Cocaína
1º lugar
Anfetaminas
2º, atrás da Colômbia
Maconha
5º lugar, atrás de Chile, Uruguai, Colômbia e Argentina
No caso das drogas injetáveis, o Brasil está entre os países com a maior população de usuários. Ao lado de China, Estados Unidos e Rússia, soma 45% do total estimado de usuários no mundo. O relatório alerta para o perigo de infecção pelo vírus da Aids. Estima-se que entre 0,8 milhão e 6,6 milhões de usuários de drogas injetáveis no mundo inteiro estejam infectados pelo vírus HIV, principalmente no Leste Europeu, Leste e Sudoeste da Ásia e América Latina. "Faz-se necessário realizar investimentos na saúde pública para enfrentar esse problema", afirma o relatório, observando que os dados sobre uso de drogas injetáveis "são de baixa confiabilidade, considerando o estigma existente em relação a esse tipo de usuário".O relatório da ONU é feito com base em dados fornecidos pelos governos por meio de questionários enviados ao escritório sobre drogas e crime no ano passado. Os dados são complementados pelas Nações Unidas.
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