TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

esperando



















os teus olhos agora estão cinzas
neste fim de paisagem atormentada
beleza adormecida, dura viagem
pelos sem fim da terra que te fez
memória, te fez pranto, te fez outro

teus olhos são retalhos esquecidos
ausência da beleza  como o branco
da renda toda branca lá de casa,
agora com a praia se arrastando
tão próxima, tão próxima das mãos

veio o vento e levou a sombra do rosto;
do que se vai falar? de filmes, livros,
dos segredos da rua que engoliu
o amor nos arredores do teu corpo,
da música perfeita hesitação?

os relógios avisam que é chegada
a hora do silêncio que será
repartido entre nós que ainda restamos
nesta paisagem viva, mas distante
de tudo o que fomos e vivemos


poema e foto: chagas
mendigo na porta da catedral da sé

2 comentários:

Marta F. disse...

Chagas, que saudade boa.

Não quero ficar "distante de tudo o que fomos e vivemos",...medo do "silêncio que será repartido entre nós que ainda restamos".

"...do que se vai falar?"

Valeu o poema.

chagas disse...

Marta F. Adoro seu nome.
Caramba! Quanto tempo!
Um beijo no seu coração.
Valeu pela leitura.