TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 30 de março de 2010

KRATOS, 2012


(uma livre adaptação do texto/poema de Eduardo Alves da Costa)

Na primeira noite eles se aproximam da minha casa - que é a minha cidade -, derrubam e queimam os pés de ipês, catolés, buritis e macaúbas que haviam no meu jardim e plantam Palmeiras Imperiais!


E eu não disse nada.


Na segunda noite, já não se escondem, queimam parte da floresta sem respeitar a flora e fauna nativas para transformar a área em luxuoso condomínio e, aproveitando o ensejo, tapam as nossas fontes para nos vender água mineralizada.


E continuamos calados.


Até que um dia, ao perceber a nossa fragilidade, submissão e medo,entram em nossa casa pela TV, nos oferecem algumas horas de entretenimento e nos paralisam dizendo que a partir de agora os “nossos heróis” devem ser escolhidos entre os Belos, Coloridos, Malhados ou Cabeças e que é proibido quaisquer outros questionamentos que não os que tratem dos prêmios que serão dados aos novos heróis nacionais que estão confinados e que nós os espiamos por horas a fio através do olho eletrônico de centenas de câmeras.


E emudecemos.


E se algum dia tentarmos falar de outras coisas, perceberemos que nos foi arrancada a língua e a palavra e que, agora, o nosso desejo e a nossa vontade passa a ser o desejo e a vontade dos que nos representam na câmara e na prefeitura. E não adianta espernear!

(Por que, então, esta implicância de querer saber QUANTO CUSTOU aos cofres públicos as Palmeiras Imperiais?)


Você vai votar em quem para ganhar 1,5 milhão de reais no BBB10?

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