TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 15 de março de 2010

Passeando

Cada neurônio morto
um certo gás químico

que alegra a mente
precipita a alma
castiga o corpo.

Posso agora mesmo
morrer engasgado
com minha saliva.

Ou logo ao sair
cair da escada
bater com a testa
na quina do corrimão metálico.

Seria fatídico
até patético

mas não assombroso
quando se percebe

que o passado é estrume
as minhocas engordam
os peixes dançam.

Tolo é aquele
que ousa,
ao anoitecer,

andar sobre o telhado
sem fazer ruídos
à procura de estrelas.

Talvez com a morte súbita
porém crônica
dos meus neurônios

encontre o elo perdido
entre meu tênis branco
e o cadarço sujo.

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