TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 11 de julho de 2010

O Poeta Insone

Os poetas são tolos.
Os poetas são imensamente tolos.

Entram em suntuosos,
intrigantes, arriscados
momentos de transe
escrevem seus versos

e aguardam o julgamento
das cruéis hienas
que sequer adivinham
o caminho.

Mas cheiram carne.
Mas farejam sangue.

Então os poetas
a cada momento
mais tolos

vigiam-se ansiosos
o veredito dos monstros.

Os leitores de poemas
se não escrevem
odeiam quem o faz.

E mentem, vibram,
mas dentro do peito
queima um troço ruim.

Os poetas felizes
pela amena sentença
abraçam-se a si mesmos

em risinhos lúdicos
feito crianças.

Que triste o meu fim
por ser eu um tolo.
Simplesmente um tolo.

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