“todo quadro negro
É todo negro, é todo negro
E eu escrevo seu nome nele
Só pra demonstrar o meu apego.
Anamaeu”...
JORGE MAUTNER
Por Zé Nilton
Tomei conhecimento de Jorge Mautner, já em estado de consagração, nos anos opacos e cinzentos da repressão militar, quando assistia, assombrado, num cantinho, um show do compositor Jads Macalé, na Concha Acústica da UERJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, talvez aí pelos anos de 1973 ou 1974.
Com muita presença de palco Macalé cantava a música “Cantareira”, de Gordurinha , cujo refrão diz:
“Só vendo mesmo como é que dói
Sou vendo mesmo como é que dói
Trabalhar em Madureira, viajar de Cantareira
E morar em Niterói”...
Macalé, fazendo trejeitos para o conjunto baixar o som comandava paulatinamente um fade-out, e deu início à capela e à exaustão a repetição do refrão “só vendo mesmo... E o acompanhamento musical foi caíndo numa melopéia, dando a deixa para a fala do grande Macalé.
Lá pelas tantas, incontinente, ajoelhou-se no palco, bem juntinho da turba universitária, e com as mãos postas e o olhar para os céus, recitou os versos, cadenciadamente, vociferando para quem vive o dia-a-dia aquela situação de explorado um inesperado: “puta que o pariu”! A platéia foi ao delírio naqueles idos de todas as censuras.
E gritou: Salve Jorge Mautner!
A platéia aplaudiu demais, mas eu não detectei o exclamado entre a multidão.
Só muito depois vim a conhecer aquela figura meio estranha meu doidão meio intelectual meio escritor meio síntese de uma geração prenhe de criatividade e de vanguardismo, justamente no lugar errado, no tempo errado e onde deu tudo errado para as cabeças fora do lugar.
Hoje, vendo a figura madura de Mautner ainda em franca presença no cenário da MPB, reconheço o todo da força que ele representou para a cultura brasileira.
No Compositores do Brasil, desta quinta feira, vai dá Jorge Mautner, um maldito entre os benditos, sujeito coerente e dono de uma musicalidade agradabilíssima, empunhando seu violino para qualquer marcação, feito rebequeiro nordestino.
Marginal nunca foi Jorge Mautner. Marginais foram todos que não o compreenderam no seu tempo. Pensando bem, não sei por que chamam de marginal a geraldos uranos divergentes dos “padrões normais” do tempo. Pois é este mesmo tempo que vai dizer, lá na frente, o quanto se cultivou caretice. Se liga, bicho !
Vamos falar do homem, da obra e do tempo de Jorge Mautner, enquanto ouviremos:
BEM TE VIU, com Jorge Mautner
SAMBA DOS ANIMAIS, de Jorge Mautner com Lulu Santos
SAMBA JAMBO, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina com Jorge Mautner
TODO ERRADO (não peço desculpas), de Jorge Mauter com Jorge Mautner e Caetano Veloso
ENCANTADOR DE SERPENTES, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
ORQUÍDEA NEGRA, de Jorge Mauter com Jorge Mautner e Zé Ramalho
CACHORRO LOUCO, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
BOLINHAS DE GUDE, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
SOM DO MEU VIOLINO, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
RAINHA DO EGITO, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
MARACATU ATÔMICO, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina com Gilbetro Gil
QUERO SER LOCOMOTIVA, de Jorge Mautner com Wanderléa
Quem ouvir verá!
COMPOSITORES DO BRASIL
Rádio Educadora do Cariri- 1020 –
www.radioeducadoradocariri.com (acesse no www.blogdocrato.com)
Todas as quintas-feiras, de 14 as 15 horas
Pesquisa, Produção e Apresentação de Zé Nilton
É todo negro, é todo negro
E eu escrevo seu nome nele
Só pra demonstrar o meu apego.
Anamaeu”...
JORGE MAUTNER
Por Zé Nilton
Tomei conhecimento de Jorge Mautner, já em estado de consagração, nos anos opacos e cinzentos da repressão militar, quando assistia, assombrado, num cantinho, um show do compositor Jads Macalé, na Concha Acústica da UERJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, talvez aí pelos anos de 1973 ou 1974.
Com muita presença de palco Macalé cantava a música “Cantareira”, de Gordurinha , cujo refrão diz:
“Só vendo mesmo como é que dói
Sou vendo mesmo como é que dói
Trabalhar em Madureira, viajar de Cantareira
E morar em Niterói”...
Macalé, fazendo trejeitos para o conjunto baixar o som comandava paulatinamente um fade-out, e deu início à capela e à exaustão a repetição do refrão “só vendo mesmo... E o acompanhamento musical foi caíndo numa melopéia, dando a deixa para a fala do grande Macalé.
Lá pelas tantas, incontinente, ajoelhou-se no palco, bem juntinho da turba universitária, e com as mãos postas e o olhar para os céus, recitou os versos, cadenciadamente, vociferando para quem vive o dia-a-dia aquela situação de explorado um inesperado: “puta que o pariu”! A platéia foi ao delírio naqueles idos de todas as censuras.
E gritou: Salve Jorge Mautner!
A platéia aplaudiu demais, mas eu não detectei o exclamado entre a multidão.
Só muito depois vim a conhecer aquela figura meio estranha meu doidão meio intelectual meio escritor meio síntese de uma geração prenhe de criatividade e de vanguardismo, justamente no lugar errado, no tempo errado e onde deu tudo errado para as cabeças fora do lugar.
Hoje, vendo a figura madura de Mautner ainda em franca presença no cenário da MPB, reconheço o todo da força que ele representou para a cultura brasileira.
No Compositores do Brasil, desta quinta feira, vai dá Jorge Mautner, um maldito entre os benditos, sujeito coerente e dono de uma musicalidade agradabilíssima, empunhando seu violino para qualquer marcação, feito rebequeiro nordestino.
Marginal nunca foi Jorge Mautner. Marginais foram todos que não o compreenderam no seu tempo. Pensando bem, não sei por que chamam de marginal a geraldos uranos divergentes dos “padrões normais” do tempo. Pois é este mesmo tempo que vai dizer, lá na frente, o quanto se cultivou caretice. Se liga, bicho !
Vamos falar do homem, da obra e do tempo de Jorge Mautner, enquanto ouviremos:
BEM TE VIU, com Jorge Mautner
SAMBA DOS ANIMAIS, de Jorge Mautner com Lulu Santos
SAMBA JAMBO, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina com Jorge Mautner
TODO ERRADO (não peço desculpas), de Jorge Mauter com Jorge Mautner e Caetano Veloso
ENCANTADOR DE SERPENTES, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
ORQUÍDEA NEGRA, de Jorge Mauter com Jorge Mautner e Zé Ramalho
CACHORRO LOUCO, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
BOLINHAS DE GUDE, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
SOM DO MEU VIOLINO, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
RAINHA DO EGITO, de Jorge Mautner com Jorge Mautner
MARACATU ATÔMICO, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina com Gilbetro Gil
QUERO SER LOCOMOTIVA, de Jorge Mautner com Wanderléa
Quem ouvir verá!
COMPOSITORES DO BRASIL
Rádio Educadora do Cariri- 1020 –
www.radioeducadoradocariri.com (acesse no www.blogdocrato.com)
Todas as quintas-feiras, de 14 as 15 horas
Pesquisa, Produção e Apresentação de Zé Nilton
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