TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 31 de outubro de 2010

Onde você estava nestas eleições? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Sabemos que uma tática do embate político é caricaturar o adversário. Dar-lhe nomes que podem pegar como um apelido. Enfim derrotar a imagem pública dele. Nestas eleições foi usada pelos dois lados e se propagou no novo meio que é a internet.

Um meio diferente, muito mais capilar e que funciona, por vezes, como um eco que repete uma voz muitas vezes. É território pantanoso, das manifestações mais belas e do mais abjeto do obscurantismo do pensamento humano. E será até o ponto em que as próprias manifestações se tornem banais e todos saibam, de pronto, a cantiga do trololó.

Ontem pelo meio da noite recebi uma “mensagem”, que se originara de outra multiplicada e aquela fora enviada para um mealing de mil pessoas. Eu soube, pois é de um amigo jornalista. Qual o teor?

Ele como eleitor do Serra vibrava com o apoio da Marina ao candidato na última hora e trazia um link para uma página da ex-candidata. De cara estranhei, a Marina já havia anunciado sua posição, tinha se manifestado contra a campanha de Serra de envolvê-la de modo farsante. Então abri o link e estava lá uma matéria que fazia parte da enganação engenhosa e que maculou a credibilidade do meu amigo.

A página era a da Marina. Só que o link remetia para uma postagem de agosto de 2010, ainda no primeiro turno. Na essência ela dizia que não reconhecia a Dilma como eleita, que a conhecia pelos papéis que tivera no governo. Era a posição de quem disputava e acreditava na disputa, jamais iria reconhecer que a fatura já estaria pronta no primeiro turno.

Ora, imediatamente procurei a página da Marina e lá deveria encontrar o que ela dizia. Ao abrir as postagens dos últimos dias não falavam disso. Imediatamente denunciei o fato ao amigo que teve de repassar para o seu imenso mealing o desmentido.

A lição que tomei disso é que do mesmo modo que desconfio da manipulação em certos assuntos da mídia, agora mais do que nunca temos de ter o mesmo em relação ao universo da internet, de qualquer natureza: site, blogs, redes sociais e e-mails. Quantos não já receberam textos de autores famosos que não são deles, apenas alguém se achando um gênio esquecido, faz um besteirol e manda adiante com o nome do Veríssimo, do Jabor, Quitana e etc.

Aliás a maior manipulação foi de um poema de Mayakovisk que a extrema-direita inverteu, no seu acordar das sombras com a era Bush, inclusive por aqui, andou espalhando na internet. Aliás, eis uma má notícia. A extrema-direita soube se aproveitar do pântano geral da rede.

Dizem que a campanha de Serra contratou um Indiano cuja natureza dele é criar uma trama de divulgação de fatos, que envolve amigos nossos (assim como fazem os ladrões de senha) que nos repassam, que usam de táticas pervertidas de deturpação de imagens, de invencionices de fatos, dentro de uma malha ampla de manipulações.

Isso mexeu com muita a prática da oposição na atual campanha. Em São Paulo havia uma rede imensa para espalhar estes spams. O mais clássico foi que mal acabara de receber um texto indignado contra o PT e Dilma dizendo que um site petista estaria estimulando a guerra contra a igreja, a matéria já aparecia dentro de um grupo imenso de pessoas. A história envolvia eleitores do PSDB do estado como repassadores e tinha uma articulação no twitter da Soninha que é era um dos braços da campanha.

No meio da tarde o esquema tinha se desmascarado e Soninha, após ter ampliado o assunto até não mais vê, fez tipo de fui enganada pela rede. Acho que teve muita gente enganada, mas muitos foram adiante mesmo sabendo que era assunto fajuto. Tudo pela vitória, pensavam. E ainda se acham no direito de dar lições de moralidade e ética.

Um comentário:

Unknown disse...

Rapaz, a Dilma teve 77% dos votos no Crato.

E teve festa sim.

Eu fui ao Crato para votar e fico feliz que a cidade tenha dado essa votação para a Dilma.

Quanto às oligarquias, é preciso que os setores de oposição a elas consigam elaborar uma estratégia correta e que em 2012 vençam. Chega de oligarquia.