TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Crato é final de linha" - José Nilton Mariano Saraiva

Condição “sine qua non” de todo administrador público que se preze, a probidade administrativa (ou honestidade no tratamento da coisa pública) encontra bons e imprescindíveis aliados no comedimento, recato, bom senso, transparência, equilíbrio e, principalmente, ponderação na hora da tomada de decisões ou na simplicidade do ato de expressar-se perante os munícipes.
Em sentido contrário, sob pena de inviabilizar suas ações, obstando-lhe o acalentado caminho em busca de vôos políticos mais altos (e não venham com o papo furado de que nem todo político sonha com isso), a improbidade administrativa, possessividade, cabeça quente, falta de controle, pessimismo e afobação não devem constar do dicionário de referida autoridade, por mais pressionada que se encontre.
As reflexões acima têm a ver com um acontecimento recente (menos de dois anos), vivenciado aqui em Fortaleza, quando o prefeito do Crato, atendendo convite da Associação dos Filhos e Amigos do Crato (AFAC), compareceu ao auditório da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), a fim de falar sobre sua gestão à frente da municipalidade.
Depois de muita rasgação de seda nas preliminares, da exibição de belos slides da cidade (e o Crato tem muita coisa bonita, sim, mas que se degradam dia-a-dia), lá pras tantas, e aí já visivelmente incomodado com as interrupções da sua fala e os recorrentes questionamentos a respeito do marasmo da sua administração ou do “porque” do Crato não conseguir acompanhar o pool desenvolvimentista da cidade vizinha, Sua Excelência literalmente perdeu as estribeiras e foi incisivo, curto, grosso e contundente (ipsis litteris): “Pessoal, vocês têm de entender que o Crato é final de linha; só vai ao Crato quem tem negócios lá”.
Ou seja, não mais que de repente - e um tanto quanto surrealistamente, vocês hão de convir - a posição geográfica do Crato (em relação à capital ???) era usada e atestada como justificativa primeira e única para a sua visível estagnação, seu progressivo esvaziamento, sua parada no tempo (só não nos foi explicitado como é que a cidade vizinha, que dista apenas 12 quilômetros da nossa, tudo consegue, o tempo todo e com relativa facilidade).
Estupefatos, os componentes da platéia se entreolharam abismados e pasmos, num misto de espanto e decepção, à procura de entender aquele testemunho sublinear de capitulação, acomodação ou simples descaso com o destino da cidade.
Definitivamente, não estávamos ali para ouvir aquilo. E no entanto, a verdade é que, ao vivo, perante todos nós, aquele que deveria representar a esperança e o porvir de novos tempos se nos mostrava a impotência em forma de gente, o pessimismo em estado latente, a afobação nua e crua, a desesperança em sua mais completa acepção, a incapacidade de alinhavar palavras minimamente confortadoras (e depois dizem que somos pessimista).
E então nos vem à lembrança o testemunho de um dos integrantes da comitiva que esteve em Fortaleza quando da reunião com o reitor da UFC, onde definitivamente se bateria o martelo na definição da localização do campus Cariri da UFC: segundo ele, o prefeito do Crato estava, sim, em Fortaleza, naquele dia, mas teria se negado terminantemente a comparecer àquele importante e decisivo evento, sob a estapafúrdia justificativa de que, de véspera, a decisão já houvera sido tomada, e sua presença, portanto, não alteraria em nada o rumo das coisas, o desenrolar do processo. Que os “bois de piranha” galhardamente enfrentassem a travessia do rio, sozinhos.
E, como pimenta nos olhos dos outros é refresco, o que agora se comenta, aqui em Fortaleza, é que o Crato perdeu também a sonhada Faculdade de Odontologia e tende a ficar sem a Faculdade de Agronomia (e as instalações do Colégio Agrícola, vão servir mesmo pra quê ???).
Por qual razão ??? Onde vamos parar ??? Vamos ficar com o quê ??? Só com o "lixão" do Cariri ??? Querem matar o Pedro Esmeraldo do coração ???

3 comentários:

Unknown disse...

Vamos utilizar um exemplo.

Se olharmos as novas lixeiras construídas pela prefeitura, podemos perceber o desleixo com que as coisas são feitas.
Lixeiras de cimento, parecem pequenas manilhas, feias, "ornamentando" as praças, que por sinal, são um retrato de desmazelo. É só comparar com as praças de Iguatu, por exemplo. Quanta diferença.

Dedé Cariri disse...

Aquele “laguinho” artificial que cerca uma casinha ordinária no centro da praça da Sé, estava cheio de lixo, água suja e lodo, isso durante a mostra SESC , uma vergonha!
Acorda prefeitura!!

elmano rodrigues pinheiro disse...

A Praça Siqueira Campos que tanto se falou na tal reforma, há pouco tem parecia um nicho de mendigos, pela sujeira e mal cheiro.
O Crato atravessa uma das piores fazes de abandono. Com uma pequena máquina de esguicho, duzentos litros d'água, e detergente, garanto que a impressão seria outra.Cobrar de uma pessoa sem compromisso nenhum com a cidade, é malhar em ferro frio.