Discorrer quanto às leis do mundo moral requer dose dupla de poder de expressão e clareza nos detalhes, ao menos para chegar perto da compreensão de quem escuta e informar o suficiente daquilo que se pretenda, porquanto eis aqui um tema que pede palavras novas, aspectos instigantes de convencimento e raciocínio, cores e formas excitantes, senão, nada feito, assunto encerrado, botas jogadas fora. Isso porque a realidade pressiona sem dó nem piedade, visualmente, concretamente, materialmente; realidade, aquela que circula em torno da gente feita mutuca, impõe seu respeito em quase tudo e todo tempo, independente do gosto particular das pessoas e modas.
Uns apetites querem sabores picantes, cheiros intensos das circunstâncias, reclamam alimentos pesados, esportes radicais, sons estridentes, emoções fortes. Outros, os poéticos, por sua vez aceitam ritmos e harmonias suaves, o sabor mais oriental dos pratos vegetarianos, o hálito perfumado de incensos e flores, que lhes tocam a leveza da sensibilidade e transporta aos abismos infindáveis das vastidões distantes, passageiros aceitos de viagens impossíveis.
Bom, querendo falar de uma dessas leis dos mundos morais, coisas abstratas que existem fora do mundo físico, falar da lei da Compensação, começamos relacionando-a com outra lei já por demais reconhecida, a lei da Gravidade, que nos mantém grudados ao sistema solar, sem a qual se tornaria inviável permanecer no solo, e, caso contrário, vagaríamos tontos pelo Universo, quais meteoros ou cometas, errando no vácuo. Dessa lei, também invisível, ninguém duvida. Mas existem outras que formam o campo de força onde estamos.
Uma delas, a lei da Compensação, por sua vez, nos reconforta por dentro nas crises inevitáveis, e esclarece aquilo que a vida impõe, pois obedece a regras ocultas, porém manifestas, na história de todas as pessoas.
Por pior que sejam os caprichos do Destino, em troca virá o reverso da medalha permitindo uma leitura positiva das ocorrências, revelando graça e razão de ser. Ninguém gira, portanto, ao léu fora das normas perfeitas das leis da Natureza, na Justiça exata que rege os acontecimentos desde o princípio eterno das evidências.
Em rápidas considerações, dizer que a ciência de viver implica na interpretação do que ocorre, seja de ruim, seja de bom, obedece a determinações superiores que conciliam as existências de modo justo. Ninguém nada paga sem dever, ninguém nada sofre sem merecer. Caso não atrapalhemos, todas as ações fluem por si e virá, um dia, a compensação amenizar as dores, no tempo certo, sem sombra de dúvidas. Ainda que cientes, no entanto, só poucos aceitam como regulares os tropeços da sorte, sofrendo deste modo antes e depois das tempestades, esquecidos da perfeição que determina a Lei e suas lições de conforto a todos nós.
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